O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se pronuncia sobre a dificuldade de estabelecer uma reunião entre os líderes da Rússia e da Ucrânia, Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky, em um cenário de tensões intensificadas. Durante entrevista em Washington, nesta sexta-feira (22), Trump comparou a união desses dois presidentes a misturar "óleo e vinagre", destacando que suas respectivas antipatias são notórias e compreensíveis. "Veremos se Putin e Zelensky vão trabalhar juntos. Eles não se dão muito bem, por razões óbvias", afirmou Trump, referindo-se ao contínuo conflito que custa vidas.
A situação atual das negociações é complexa. Putin apresentaria exigências significativas, incluindo a ocupação total da região do Donbass, que é atualmente controlada por forças russas. Além disso, o presidente russo solicita garantias que impeçam a Ucrânia de se integrar à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e que proibam a presença de tropas ocidentais em seu território. Essas informações foram obtidas pela agência de notícias Reuters de fontes do alto escalão russo.
Essas exigências do Kremlin configuram um obstáculo direto às condições que Trump alega ter conseguido após um encontro com Putin no Alasca, onde se discutiu o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia após o conflito. Vale lembrar que o Donbass representa quase metade das áreas controladas pelas forças russas, e a resistência ucraniana, segundo Zelensky, não abrirá mão da região, pois isso poderia sinalizar uma tentativa russa de expansão territorial em direção à Europa.
As tentativas da Rússia de pressionar por retirar a Ucrânia do Donbass, enquanto se comprometeria a interromper as hostilidades em áreas como Zaporizhzhia e Kherson, demonstram as tensões em jogo. De acordo com estimativas, a Rússia controla cerca de 88% do Donbass e 73% de Zaporizhzhia e Kherson.
Além disso, Moscou parece disposta a negociar a devolução de partes pequenas de Kharkiv, Sumy e Dnipropetrovsk como parte de um acordo mais amplo, mas persiste em seus pedidos para que Kiev renuncie qualquer intenção de integrar-se à OTAN, buscando um compromisso juridicamente vinculante.
Recentemente, a União Europeia também sugeriu a formação de uma força de paz, composta por soldados europeus, com a finalidade de assegurar um cessar-fogo, mas com a condição de que não lutem ao lado das tropas ucranianas. Em resposta à situação, Trump indicou que essa força de paz seria formada majoritariamente por europeus. Até o momento, nem o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, nem a Casa Branca ou a OTAN se pronunciaram sobre as exigências levantadas.
De acordo com o especialista Samuel Charap, do centro de estudos Rand, a demanda da Rússia para que a Ucrânia abandone o Donbass é politicamente inviável. A ideia de abrir-se à "paz" com condições inaceitáveis pode ser um movimento mais simbólico para a administração Trump do que um verdadeiro avanço nas negociações. "A única maneira de testar essa proposição é começar um processo sério de diálogo sobre os detalhes", concluiu.