Lide No Rio de Janeiro, os pais de um adolescente expulso por racismo durante uma briga em uma partida das Olimpíadas Escolares, realizadas no colégio PH, no bairro de Botafogo, reconhecem o erro do filho, destacam que a conduta não reflete os valores familiares e afirmam buscar um diálogo direto com a família da vítima, bem como apoio às pessoas atingidas. A mãe da vítima registrou boletim de ocorrência e a investigação ocorre na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
Contexto do episódio e consequências imediatas
As ofensas racistas teriam sido proferidas durante uma discussão provocada por uma falta, em uma partida de futebol das Olimpíadas Escolares. Segundo relatos, o agressor imitou um macaco naquele momento, o que desencadeou uma briga generalizada entre alunos do colégio PH e de outros participantes. A confusão resultou em apupos, empurrões e agressões físicas segundo a mãe da vítima, Tatiana Tatagiba, que afirmou que o filho também foi alvo de agressões. A Polícia está acompanhando o caso, com a ocorrência registrada pela família na delegacia competente. A delegada responsável pela Decradi já abriu apuração para apurar a prática de crimes de racismo e intimidação por parte dos envolvidos e para investigar possíveis responsabilidades institucionais.
“A gente não pode deixar isso passar impune”– Tatiana Tatagiba, mãe da vítima.
O episódio, que foi interrompido pela briga, reverbera como um caso emblemático de discriminação que desafia ambientes escolares e esportivos na cidade. A mãe da vítima também ressaltou que, além das agressões físicas, o garoto sofreu humilhações, o que aumenta o impacto emocional e social do ocorrido. As autoridades públicas e o colégio PH indicaram que estão tratando o assunto com a devida seriedade, reconhecendo a necessidade de apurar responsabilidades e de promover um ambiente mais seguro para todos os alunos.
Posicionamento da família e o compromisso com o diálogo
“Lamentamos profundamente o erro cometido por nosso filho, que o reconhece, e manifestamos nossa solidariedade ao jovem vitimado e à sua família.”– comunicado dos pais do adolescente expulsos.
Na sequência, o texto oficial divulgado pela família enfatizou que o diálogo não se limita apenas ao pedido de desculpas; é também uma oportunidade para refletir sobre um problema que atravessa gerações no Brasil. Os pais informaram que pretendem estabelecer contato direto com os responsáveis pelo aluno atingido para apresentar um pedido formal de desculpas e oferecer apoio, contando com a intermediação da escola para viabilizar o encontro. O comunicado revela ainda que a conduta do filho — que reconhece o seu erro — não condiz com os valores ensinados pela família, gerando nível de vergonha e consternação, e reforçando a ideia de que a situação exige uma abordagem cuidadosa para não se repetir.
“Essa busca por diálogo não se limita ao pedido de desculpas, mas também se vincula à necessidade de refletir sobre um problema que atravessa gerações e permanece como uma chaga na história do Brasil.”
Resposta institucional: o Colégio PH e os próximos passos
“A direção do Colégio tomou as medidas necessárias. O aluno autor das ofensas não continuará na nossa escola, e os alunos que foram alvo estão sendo acolhidos. Repudiamos qualquer atitude discriminatória. O ocorrido não condiz com os valores e diretrizes adotados pelo colégio, que zela pelo bem-estar e acolhimento de todos os seus alunos.”– Colégio PH, em comunicado institucional.
Segundo a instituição, as ações administrativas visam assegurar o bem-estar de todos os estudantes e manter um ambiente escolar inclusivo. A direção enfatizou o compromisso com uma cultura antirracista, destacando que o PH desenvolve projetos como Educação Decolonial Antirracista, o Percurso Antirracismo e Antidiscriminação, e programas estruturantes como as Equipes de Ajuda e o Programa Antibullying. A escola ainda ressaltou que não tolera discriminação de qualquer natureza e que pretende usar a experiência para reforçar práticas pedagógicas que promovam a convivência respeitosa, ressignificando o ocorrido como oportunidade de aprendizado.
Investigação, responsabilização e impactos na comunidade escolar
Com a expulsão do aluno, o PH afirma que a medida busca sinalizar intolerância com atos discriminatórios, ao mesmo tempo em que oferece acolhimento aos alunos atingidos. A Polícia Civil, por meio da Decradi, acompanha o caso, avaliando elementos que permitam enquadrar as condutas dentro do arcabouço legal e indicar eventuais responsabilidades institucionais caso sejam verificadas falhas de gestão ou de supervisão que tenham contribuído para o episódio. A autoridade policial já está buscando entender as circunstâncias que levaram à confusão no dia da partida, bem como eventual repetição de incidentes semelhantes em outros ambientes escolares da região.
Especialistas ouvidos no debate sobre racismo na escola destacam que episódios como esse expõem fragilidades da cultura institucional diante de preconceitos arraigados. Em termos práticos, as ações do colégio PH — inclusive os programas citados — refletem como instituições de ensino podem responder de forma imediata e planejada a situações de discriminação, sinalizando uma abordagem proativa de educação antirracista para estudantes, pais e funcionários. A repercussão comunitária envolve também famílias de outros colégios que acompanham o caso com atenção, visando entender como escolas da região lidam com casos de preconceito e violência entre jovens.
Perspectivas futuras e implicações para o debate público
O episódio reacende o debate sobre racismo estrutural, educação inclusiva e a importância de políticas públicas e escolares que promovam o respeito às diferenças. Entre as questões em pauta estão as formas de reparar danos, a necessidade de programas de prevenção eficazes e o papel da escola como espaço de formação cesa e de transformação social. A família planeja manter o diálogo com a vítima e com a escola como parte de um processo de responsabilização e de esclarecimento de direitos e deveres, enquanto a instituição reforça o compromisso com uma cultura antirracista que se estende a todas as áreas, inclusive com ações de decolonização do currículo e suporte emocional aos alunos atingidos. O caso, registrado na Decradi e acompanhado pela comunidade escolar, pode servir de referência para políticas de prevenção de discriminação em ambientes educacionais.
Em síntese, o episódio evidencia uma realidade complexa: nos espaços de formação, atitudes discriminatórias precisam ser denunciadas, denunciadas e discutidas com transparência. A construção de uma sociedade mais justa depende de decisões cotidianas, de ações institucionais consistentes e de uma participação contínua de pais, alunos, professores e autoridades que buscam a educação como mecanismo de transformação social.