Resumo decisivo e contexto
O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta sexta-feira a reimposição de sanções econômicas contra a República Islâmica do Irã, por alegados descumprimentos a compromissos internacionais sobre o desenvolvimento do programa nuclear. A decisão frustrou a tentativa de Teerã de manter os embargos suspensos, levando o país a intensificar seus esforços diplomáticos até o momento da reunião.
A decisão está relacionada ao Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, sigla em inglês), firmado em 2015, destinado a regular o programa nuclear do país e impedir armas atômicas. O acordo está em ruínas desde a saída dos EUA, em 2018, mas apenas em agosto deste ano Reino Unido, França e Alemanha, também signatários, enviaram uma carta à ONU apontando violação por parte do Irã, incluindo o acúmulo de reservas de urânio acima do limite em mais de 40 vezes.
Debate e voto
— Instamos [ao Irã] que aja agora — disse a embaixadora britânica Barbara Woodward, após votar contra a resolução que buscava estender a suspensão das sanções, mantendo aberta a possibilidade de avanços diplomáticos durante a Assembleia Geral.
“Instamos [ao Irã] que aja agora” — embaixadora britânica Barbara Woodward.
O resultado mostrou que apenas quatro países — China, Rússia, Paquistão e Argélia — apoiaram a iniciativa. Com a derrota, Teerã deverá retornar aos embargos, limitando seus negócios com parceiros do acordo.
— A ação de hoje é precipitada, desnecessária e ilegal. O Irã não reconhece nenhuma obrigação de implementá-la — afirmou o embaixador iraniano na ONU, Amir Saeid Iravani, em manifestação ao conselho.
“Ação de hoje é precipitada, desnecessária e ilegal. O Irã não reconhece nenhuma obrigação de implementá-la.”
Pouco antes da reunião, as autoridades iranianas tentavam uma mudança improvável de cenário por meio da diplomacia. O ministro das Relações Exteriores de Teerã, Abbas Araqchi, afirmou nesta sexta-feira que apresentou um plano sobre o programa nuclear às potências europeias, definindo a proposta como criativa, justa e equilibrada, capaz de responder a preocupações legítimas.
“Colocar essa ideia em prática pode ser rápido e pode conciliar as respectivas linhas vermelhas para evitar uma crise.”
— Abbas Araqchi, ministro das Relações Exteriores do Irã.
As partes europeias, agrupadas sob a sigla E3, assim como a União Europeia (UE), sinalizaram que não havia avanço concreto. O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que esperava que as sanções internacionais fossem restabelecidas até o final do mês, segundo trecho de entrevista transmitida pela televisão israelense.
Após a saída dos EUA do JCPOA, Teerã passou a se afastar de compromissos sob o acordo e a intensificar suas atividades nucleares. A tensão aumentou desde a guerra de 12 dias entre Irã e Israel em junho. O conflito também prejudicou as negociações nucleares com os EUA e levou à suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com inspetores deixando o país.
Ao fim da votação, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, fez um apelo para que o mundo impedisse que o Irã adquira armas nucleares.
“Um Irã com armas nucleares significaria que o regime mais perigoso possuiria a arma mais perigosa, minando drasticamente a estabilidade e a segurança globais. O objetivo da comunidade internacional deve permanecer inalterado: impedir que o Irã adquira capacidades nucleares.”
Teerã ameaçou se retirar do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) se a cláusula de reimposição fosse ativada. (Com AFP)