Em um mundo saturado de tecnologia e telas, uma nova tendência vem ganhando força entre as novas gerações: o retorno a objetos analógicos, como discos de vinil, cartas escritas à mão e fotografias reveladas. O Globo Repórter abordou essa redescoberta, mostrando que, em uma era de hiperconexão, muitos estão optando por desacelerar e apreciar a experiência sensorial desses itens que evocam um tempo passado.
Vinil: Uma Experiência Auditiva Sensorial
A artista Liniker, mesmo na era digital, decidiu gravar seu álbum "Caju" em tecnologia analógica, buscando oferecer uma experiência única aos ouvintes. Ela afirma: "Queria transportar quem ouvisse para outro tempo. Um tempo de escuta, sem pular faixas". A escolha ressoou com o público, levando o álbum a conquistar sete indicações ao Grammy Latino de 2025. Para Liniker, o vinil é um objeto que transcende a música: "É afeto. É o coração de quem escuta".
A paixão pelo vinil também se reflete entre os jovens, como Beatriz Ribeiro, que apresentou a experiência de ouvir discos a seus amigos. "É outra coisa. Você segura o disco, abre a capa, vê o encarte", comenta. Bernardo Coelho, um dos amigos, se surpreendeu com a qualidade do som: "Parece que o artista está ali, ao vivo. É mais limpo, mais vivo. É mágico". De acordo com Rogério Ignacio, proprietário de uma loja de discos no Rio de Janeiro, 50% a 60% dos clientes atuais são jovens. O professor Bernardo Conde, da UFRJ, acredita que o apelo por vinis está ligado a uma busca por autenticidade em meio ao excesso digital.
Fotografia Analógica: O Encanto da Revelação
O interesse pelo analógico se estende além da música. Na Praça XV, no centro do Rio, a mistura de lojas de câmeras antigas e objetos nostálgicos atrai pessoas de várias idades. Victor, ao procurar um disco do Jimi Hendrix, acabou se apaixonando por uma câmera analógica, relatando a emoção de não saber instantaneamente como suas fotos ficariam. A Universidade Federal do Rio de Janeiro também tem contribuído para essa redescoberta com o projeto Paralaxe Lab, onde estudantes experimentam métodos alternativos de revelação fotográfica. A artista Joana Bastos ressalta: "Quando você participa de todos os processos, é outra sensação".
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A Artesania das Cartas Escritas à Mão
Outro fenômeno interessante é o Clube do Envelope de Papel, criado por Mariana Loureiro, que promove a escrita e a troca de cartas. Com mais de 4 mil membros, a iniciativa exige uma pausa para a reflexão e a conexão emocional: "A carta exige atenção, pausa, silêncio", diz Mariana. Gabriela, uma das participantes, enfatiza a importância desse ato em um mundo acelerado, onde cada carta recebida é um tesouro especial.
Jogos de Tabuleiro: Reconexão Interpessoal
Em Belo Horizonte, as ludotecas se tornaram espaços de interação social onde as pessoas jogam, interagem e se divertem. Raquel Teles, estudante, relata que durante a pandemia, os jogos proporcionaram momentos de olho no olho, longe das telas. O proprietário de uma ludoteca, Henrique, observa: "Nada mais legal do que ver todo mundo se divertindo sem celular".
Quadrinhos: Uma Arte Atemporal
Os quadrinhos, representados por colecionadores como Heitor Pitombo, continuam a encantar as novas gerações. Heitor possui gibis raros e lê diariamente, destacando que os quadrinhos são uma forma de arte que une texto e imagem: "Quadrinho é pintura com texto. É completo".
O que essas práticas têm em comum? Para o professor Bernardo Conde, não se trata apenas de nostalgia, mas de um sinal de um tempo em transformação. "É uma busca por algo que rompa com o cotidiano dominado pela informação excessiva e pela necessidade de estar sempre online. Essas experiências exigem presença e dedicação, mobilizando nossas emoções de uma forma que a tecnologia muitas vezes não consegue", conclui.