Victor Camargo, um curitibano de 27 anos, enfrentou nove anos de dores de cabeça intensas, equivocando-se inicialmente ao acreditar que sofria de enxaqueca. Somente após diversas crises debilitantes, ele recebeu o diagnóstico correto de cefaleia em salvas. Esta condição é caracterizada por dores agudas, frequentemente descritas como as mais intensas da literatura médica, conforme destaca o neurologista Thiago Araújo.
Desde os 18 anos, Victor convivia com a dor, que se manifestava principalmente ao redor do olho esquerdo, acompanhada de lacrimejamento e náusea. No início, ele atribuía suas crises ao estresse e confusões relacionadas a alergias, sem procurar um médico. Porém, após um episódio severo que o impossibilitou de trabalhar, buscou ajuda, revelando um padrão de dor intensa que o levou ao diagnóstico. Diferenças entre cefaleia em salvas e enxaqueca
A cefaleia em salvas, embora rara, é frequentemente confundida com enxaqueca. Enquanto a enxaqueca tende a isolar o paciente em busca de escuridão e silêncio, aqueles que sofrem de cefaleia em salvas geralmente experimentam uma inquietação extrema. A dor intensa pode levar o paciente a se mover incessantemente, em um esforço para encontrar alívio. Segundo Araújo, os episódios podem variar de uma a oito vezes por dia, com duração de 15 minutos a três horas.
Os sintomas sintoma incluem lacrimejamento, congestão nasal e vermelhidão ocular, geralmente em um lado do rosto. Araújo explica que a expressão "em salvas" refere-se ao formato pontual dos episódios que se repetem, trazendo uma intensidade única. Essa condição afeta predominantemente homens na faixa dos 20 aos 40 anos e é mais frequente durante certas épocas do ano, como outono e primavera.
De acordo com a Academia Brasileira de Neurologia, a cefaleia em salvas atinge entre 0,1% e 0,4% da população, o que representa mais de 300 mil brasileiros. É fundamental buscar avaliação médica para descartar outras possíveis causas de dor de cabeça, como tumores e aneurismas.
Tratamento e manejo da condição
Após obter seu diagnóstico, Victor recebeu um tratamento que envolve medicação contínua. Ele relata que a medicação tem sido eficaz em controlar suas dores, e também tem disponíveis medicamentos para o tratamento de náuseas e crises agudas. O neurologista reforça a importância de abordar a condição através de um tratamento dividido em duas fases: a fase aguda, que pode incluir oxigenoterapia, e a fase preventiva, com medicamentos diários visando reduzir a frequência de crises.
Com a mudança no diagnóstico e tratamento, Victor não apenas encontrou alívio, mas também uma nova perspectiva. A experiência destaca a relevância de buscar ajuda médica quando se enfrenta dores persistentes, ressaltando a diferença que o diagnóstico correto pode fazer na qualidade de vida dos pacientes.