Com a taxa Selic a 15% ao ano, o Brasil enfrenta um cenário alarmante que asfixia empresas, empobrece famílias e inviabiliza o desenvolvimento econômico. Em meio a uma inflação aproximada de 5%, líderes empresariais e políticos clamam por soluções que desafiem essa realidade, como é o caso do pacto Brasil +25, que visa implementar reformas estruturantes para mudar a política econômica do país.
A alta taxa de juros, uma das maiores do mundo, é considerada por muitos como um absurdo econômico, especialmente quando se observa que a inflação anualizada está abaixo do centro da meta. O fato de que as expectativas de inflação tenham caído, permanecendo dentro da meta estabelecida, levanta questionamentos sobre por que essas variáveis são consideradas apenas quando se decide aumentar a Selic, mas nunca quando o tema é sua redução.
Essa situação não é apenas uma questão técnica, mas um verdadeiro obstáculo ao desenvolvimento. A manutenção de juros tão elevados inibe inovações e investimentos produtivos, comprometendo o emprego e ampliando as desigualdades sociais. Em vez de incentivar a produção, o sistema atual promove o rentismo, onde a aplicação no mercado financeiro proporciona rendimentos superiores sem risco, em detrimento do crescimento sustentável.
Os impactos da taxa de juros sobre a economia são visíveis: aumentam o custo dos alimentos, do crédito e da própria produção. Este modelo condena o país a um ciclo vicioso de baixo crescimento. A paralisia nos investimentos reflete não apenas uma falta de confiança nas políticas atuais, mas também a incapacidade de pensar em alternativas que promovam um desenvolvimento equilibrado e sustentável.
O setor produtivo, ciente de que não se trata de soluções imediatas, está engajado na formação do pacto Brasil +25, que visa dialogar com os poderes constituídos sobre a necessidade de reformas estruturais. A urgência em redefinir a política monetária é clara: não se pode aceitar uma atividade econômica que favorece uma minoria em detrimento da maioria. Assim, a proposta é de baixar os juros de forma responsável, acompanhada de ajustes fiscais efetivos.
O Brasil precisa urgentemente de uma nova visão econômica. É fundamental que o setor produtivo tenha representação no Conselho Monetário Nacional, garantindo que as vozes do mercado real sejam ouvidas na formulação das políticas monetárias. Esta representação é vital para que o país se alinhe mais efetivamente com uma economia globalizada, onde a participação ativa das indústrias e das empresas é essencial para um crescimento coletivo.
*Ricardo Alban é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)