Guy Trebay fala sobre sua trajetória e as elites de Nova Iorque
O renomado jornalista do ‘The New York Times’, Guy Trebay, lançou suas memórias e aproveita para refletir sobre o presente, a cultura e as forças que moldam as cidades. Com 73 anos, e após sobreviver a momentos de grande transgressão e mudanças sociais, Trebay é conhecido por sua habilidade em capturar a essência da vida urbana.
Palm Beach: uma elite invisível
Atualmente, Trebay se vê investigando de perto o ambiente de Palm Beach, local que muitos associam a uma elite inacessível. "A elite de Palm Beach, em geral, não me parece atraente", comenta. O desafio em se aproximar desses indivíduos é notável, já que eles se protegem e não sentem a necessidade de colaborar com a imprensa. Ele destaca sua dificuldade em se conectar com esses grupos, lembrando que, por várias razões, eles buscam distanciamento da "gente normal".
Reflexões sobre a cultura e o passado
O jornalista reflete sobre sua juventude em Nova Iorque, onde flertou com diferentes círculos sociais e artísticos, incluindo as figuras icônicas da Factory de Andy Warhol. Nesta época, ele percebeu que o ambiente criativo dependia de aluguéis acessíveis, um ingrediente fundamental para a vitalidade da cultura urbana. "Para que existam forças criativas em uma cidade, é crucial que os aluguéis sejam baixos", defende.
Contando histórias e preservando memórias
Em sua autobiografia, intitulada "Do Something", Trebay compartilha a complexidade de sua vida e a dor pela perda de amigos, muitos dos quais foram vítimas da epidemia de AIDS nos anos 80. Ele expressa sua indignação com o esquecimento dessas figuras talentosas que, em sua opinião, foram fundamentais para o nascimento da cultura contemporânea. "Sinto um fundo de raiva porque continuo irritado pelo que aconteceu com a minha geração", afirma.
Os desafios da modernidade e do jornalismo
Ele critica a tendência atual do jornalismo em se transformar em algo minimalista, onde a individualidade é sufocada por marcas pessoais. Trebay enfatiza que, apesar das exigências de se tornar uma figura pública, ele prefere focar no conteúdo e na essência do ofício de jornalista, que deve ser observador e não apenas um protagonista em busca de fama.
Uma cidade em transformação
A solidão e o peso das memórias de sua geração permeiam seus pensamentos. No entanto, mesmo com as dificuldades enfrentadas, Trebay continua a celebrar suas vivências, lembrando de amigos e artistas relevantes que deixaram um legado. "O luto é pesado, mas a tristeza também faz parte da vida", reflete, mostrando que, apesar de tudo, a apreciação pela arte e pela cultura permanece viva em seu coração.