Um clima de tensão domina o Equador após a tentativa de atentado contra o presidente Daniel Noboa, ocorrida enquanto ele chegava a um evento na província de Cañar. O ataque, que envolveu pedras e tiros, se dá em meio a violentos protestos indígenas, desencadeados pelo recente aumento no preço do diesel, um tema sensível para a população local.
Os protestos surgiram em resposta ao corte nos subsídios do combustível, que elevou o preço de US$ 1,80 para US$ 2,80 por galão, um aumento significativo em um momento em que muitos enfrentam dificuldades financeiras. A medida, anunciada em setembro, irritou particularmente os trabalhadores do campo, com a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) destacando que o aumento afeta diretamente suas atividades diárias.
Além disso, dados alarmantes surgem com a previsão de que a decisão governamental pode custar até US$ 1 milhão diários apenas para o setor de flores. Apesar do governo argumentar que o corte é necessário para economizar US$ 1,1 bilhão por ano, as críticas se intensificam, apontando para uma possível elevação no custo de vida para a população.
Os protestos foram marcados por bloqueios de estradas e confrontos que resultaram em um manifestante morto e cerca de 150 feridos, incluindo civis e policiais, desde o início das mobilizações. Em resposta ao clima de descontentamento, Noboa decretou estado de exceção em várias províncias na tentativa de restaurar a ordem pública.
Enquanto isso, a Conaie condenou a postura do governo, acusando-o de repressão e militarização das comunidades indígenas, afirmando que a resposta do governo agrava a situação. Noboa, entretanto, pediu firmeza contra o que chamou de "atos terroristas" e anunciou que aqueles que cometem crimes durante os protestos poderiam enfrentar até 30 anos de prisão.
No dia do atentado, um vídeo interno mostra claramente o ataque ao veículo presidencial, enquanto o governo se prepara para processar os responsáveis sob as acusações de terrorismo. Noboa garantiu que a ordem será restabelecida e que ações desse tipo não serão toleradas, enquanto a Conaie defende que seus membros, incluindo mulheres idosas, estão sendo injustamente tratados pela polícia.