Os preços da soja nos Estados Unidos enfrentam uma queda acentuada, resultado da guerra comercial com a China, que impôs tarifas elevadas aos produtos americanos. Pequim implementou um imposto adicional de 20% sobre a soja, tornando o grão dos EUA significativamente mais caro em comparação ao produzido na América Latina, o que levou a uma redução expressiva nas exportações para o país asiático.
Atualmente, as exportações de soja dos EUA para a China, que representavam a metade das vendas totais de 24,5 bilhões de dólares no último ano, caíram para cerca de 50%, colocando pressionando agricultores que já se encontram na temporada de colheita. Segundo a Associação de Soja dos Estados Unidos (ASA), a situação é alarmante e provoca um sentimento de incerteza entre os produtores. "Precisamos de melhores acordos comerciais", afirmou Travis Hutchinson, agricultor do estado de Maryland. Ele destaca a sua preocupação em manter a viabilidade financeira de sua produção este ano, com sua propriedade de mais de 1.375 hectares.
Não obstante, a ajuda do governo de Donald Trump é vista como insuficiente. Apesar de prometer suportar os agricultores armando-se de recursos obtidos das tarifas, muitos produtores acreditam que um acordo comercial com a China é fundamental para a sobrevivência de suas operações no longo prazo. A reduzida compra de soja da parte dos chineses furta oportunidades e provoca uma pressão adicional sobre o setor agrícola americano.
Além da pressão causada pela guerra comercial, agricultores enfrentam outros desafios. A Argentina, por exemplo, suspendeu impostos de exportação sobre a soja, tornando seu grão ainda mais competitivo no mercado chinês. Esse fator contribui para a queda de preços, com fontes afirmando que os agricultores devem vender sua produção próxima ao custo para apenas manter algum nível de operação.
A gravidade da situação foi ressaltada pelo economista-chefe da ASA, Scott Gerlt, que declarou que a crise atual é mais severa do que a enfrentada durante a primeira guerra comercial entre os EUA e a China, que havia resultada em perdas de 27 bilhões de dólares para os produtores americanos. Com o aumento dos custos operacionais, os agricultores lutam para encontrar mercados para escoar sua produção.
A pressão econômica sobre o setor é visível, com um aumento de 50% nas falências de empresas agrícolas em comparação a 2024, segundo dados da Universidade Estadual de Iowa. Diante desse cenário desafiador, a necessidade de um acordo comercial que restabeleça relações com a China e reduza as tarifas se torna mais urgente para a recuperação do setor agrícola americano.