A adaptação às mudanças climáticas tornou-se uma questão urgente, especialmente com a proximidade da COP30, que se apresenta como uma oportunidade crucial para ações locais e uma elevação da relevância global do tema. As Metas Globais de Adaptação, apresentadas como indicadores essenciais, visam garantir não apenas a habitabilidade das cidades, mas também a segurança alimentar em um cenário climático enraizado no extremismo.
Neste contexto, a situação atual traz pessimismo, com sinais de instabilidade global e a situação política no Brasil que não facilita uma negociação robusta. A expectativa referente ao financiamento climático continua incerta, e iniciativas promissoras como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, não estão integradas nas discussões oficiais da cúpula.
A COP30 traz a esperança de um documento que enfatize a adaptação como uma prioridade não apenas em termos de responsabilidade, mas também de ações efetivas. A proposta é que este documento, mesmo sem a promessa de soluções rápidas, possa guiar iniciativas locais em resposta a crises já visíveis, como ondas de calor e secas severas.
É importante ressaltar que adaptar-se é muito mais complexo do que simplesmente mitigar as emissões de carbono, um aspecto que é amplamente reconhecido nas negociações climáticas. As diferentes realidades entre os países exigem que as diretrizes sejam adaptadas a necessidades locais específicas, destacando a importância de ações governamentais nos níveis subnacionais e municipais.
No centro da discussão estão as Metas Globais de Adaptação, ou GGAs (Global Goals for Adaptation), que compreendem um conjunto de indicadores para garantir a viabilidade de comunidades e suas economias, mesmo sob condições climáticas adversas. Em recente divulgação da UNFCCC, uma lista de potenciais indicadores foi apresentada, um avanço significativo considerando a extensa lista anterior de mais de 5.300 possíveis indicadores.
Os indicadores selecionados focam em aspectos críticos como mortalidade, saúde pública, segurança hídrica e a infraestrutura física necessária para enfrentar desafios climáticos. A adoção de tais medidas é imperativa para garantir a manutenção da qualidade de vida e segurança das populações mais vulneráveis, especialmente em países em desenvolvimento, que enfrentam os maiores riscos e menos recursos para se adaptarem.
Por fim, a reflexão do físico David Deutsch sobre a inevitabilidade de problemas e a necessidade de soluções práticas ressoa profundamente neste contexto. A adaptação não é uma solução perfeita, mas sim um passo viável para assegurar que o planeta continue a ser habitável, e eventos como a COP30 são cruciais para traçar esse caminho.
*Ana Lucia Azevedo é repórter especial do GLOBO