Seca Ameaça Abastecimento em São Paulo
Um em cada oito municípios brasileiros enfrenta situação de emergência devido à falta de chuvas, conforme relatório do GLOBO. São Paulo, a maior cidade do país, se vê no epicentro da seca, que pode superar a crise de 2015, quando a metrópole enfrentou o pior abastecimento de água da sua história recente. O Sistema Cantareira, fonte principal de água da cidade, apresenta o preocupante nível de 25,2% de sua capacidade útil, próximo da marca crítica de 24,2%, alcançada durante a crise anterior.
Impacto nos Reservatórios e Ações Emergenciais
Embora a interligação de bacias hidrográficas tenha sido implementada após a crise de 2015, permitindo que o Cantareira receba água do reservatório Jaguari, isso apenas suaviza o cenário. O reservatório Alto Tietê já ultrapassou a preocupação com níveis abaixo de 23%. A companhia paulista SP Águas, ligada à Secretaria de Meio Ambiente, limitou novas ligações de água, mas o nível do Cantareira continua a cair entre 0,2% e 0,3% diariamente.
Perdas na Rede de Distribuição
Os altos índices de vazamento se destacam como um dos principais vilões na crise hídrica. Segundo o hidrólogo Antonio Carlos Zuffo, do Unicamp, o Brasil enfrenta perdas superiores a 40%, enquanto países como os da Europa apresentam taxas em torno de 10% a 15%. Para contornar a situação, a Sabesp começou a operar sob baixa pressão durante a noite, uma medida que economizou cerca de 4,9 bilhões de litros de água em apenas uma semana.
Reflorestamento e Preservação de Nascentes
Além de combater vazamentos, o reflorestamento é vital para a conservação dos mananciais. Desde 2015, o governo paulista se empenhou em recuperar áreas de vegetação, com 26 mil hectares já reflorestados, superando a meta de 20 mil hectares, alcançada em 2020. Com investimentos de mais de R$ 15 milhões, foram plantadas mais de 500 mil árvores. Entretanto, as iniciativas ainda são consideradas insuficientes frente à gravidade da seca.
A Necessidade de Medidas Prolongadas
A possibilidade de que São Paulo enfrente novamente um estado de emergência devido à seca é um alerta definitivo para o Brasil. Eduardo Caetano, coordenador do Instituto Água e Saneamento, enfatiza a necessidade de ações de longo prazo, como o reflorestamento e a redução de vazamentos, para assegurar o abastecimento de água e evitar a repetição de crises hídricas no futuro.