Um ano após a execução de Antonio Vinicius Gritzbach, conhecido como delator do PCC, novas revelações sobre o caso indicam que os mandantes seguem foragidos e, surpreendentemente, estão sendo protegidos pelo Comando Vermelho nas comunidades do Rio de Janeiro. O crime, que ocorreu no dia 8 de novembro de 2024, no Aeroporto Internacional de São Paulo, trouxe à tona um complexo esquema que liga o PCC, o Comando Vermelho e até mesmo policiais de São Paulo.
Nos últimos meses, a Polícia Civil de São Paulo monitorou pelo menos dois dos acusados da execução que se refugiavam na Vila Cruzeiro, uma das áreas influenciadas pelo Comando Vermelho. Um dos principais alvos, Kauê Amaral, considerado o 'olheiro' que indicou o momento do desembarque de Gritzbach, foi flagrado em imagens obtidas por drones, em uma laje localizada na comunidade. O monitoramento mostrou não apenas sua presença como também a de homens armados em áreas adjacentes, o que sugere uma organização bem estruturada para proteger os foragidos.
A execução de Gritzbach, que era responsável por uma série de informações comprometedoras sobre o PCC, ocorreu em um contexto de violência cinematográfica, onde o corretor foi abatido a tiros fora do saguão do aeroporto. A operação criminosa envolveu outras vítimas, incluindo um motorista de aplicativo que também foi fatalmente atingido.
O mandante Emílio Carlos Gongorra, conhecido como “Cigarreira”, está em fuga e, segundo a polícia, recebeu proteção do Comando Vermelho antes e após o assassinato. Imagens e relatos indicam que ele fretou um avião de Jundiaí para o Rio de Janeiro no dia anterior à execução, o que levanta dúvidas sobre a segurança do testemunho policial na repressão a organizações criminosas.
Além do foco no caso Gritzbach, a investigação sobre a execução revelou conexões mais amplas entre o PCC e setores da polícia, incluindo 27 policiais de São Paulo envolvidos em esquemas de corrupção e extorsão. Os detalhes da execução são somente a ponta do iceberg em um emaranhado de irregularidades que envolve lavagem de dinheiro e estratégias sofisticadas de sequestro de valores na economia brasileira, demonstrando a expansão transnacional do PCC.
As investigações da Polícia Civil culminaram em um relatório extenso que submeteu seis indivíduos ao indiciamento, entre os quais três policiais militares já presos e outros três fugidos, mantendo a insegurança na área e a incerteza sobre o futuro das operações contra o crime organizado.
Gritzbach estava no aeroporto após retornar de uma viagem a Maceió e trazia consigo joias valiosas, de acordo com as investigações, que seriam parte de um pagamento. A brutalidade da execução e a complexidade da rede criminosa revelam um sistema criminoso intimamente ligado ao tráfico de drogas e à corrupção policial, desafiando as autoridades a desenvolverem estratégias mais eficazes para combater essa estrutura.
À medida que o caso avança e mais informações são reveladas, a ocorrência traz à luz a necessidade urgente de um discurso público sobre a relação entre as autoridades e o crime organizado, e como esta interação tem implicações diretas na segurança pública.