O Comando Vermelho e Sua Presença no Brasil
O Comando Vermelho (CV), uma das facções criminosas mais conhecidas do Brasil, está presente em 24 estados, mas não é encontrado nas penitenciárias do Rio Grande do Sul, São Paulo e no Distrito Federal. O grupo, que surgiu no final da década de 1970, encontrou resistência em suas tentativas de expansão para o território gaúcho, devido a uma combinação de fatores locais.
Fatores Locais Impedindo a Expansão
A formação de grupos criminosos locais e a forte identidade cultural do Rio Grande do Sul são apontados como barreiras significativas para a atuação do Comando Vermelho no estado. Segundo especialistas, como Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, professor da Escola de Direito da PUCRS, o estado possui um "ecossistema criminal próprio" que foi desenvolvido antes da chegada do CV. Assim, os grupos locais já estabeleceram controle efetivo em diversas comunidades e presídios, como o infame Presídio Central de Porto Alegre.
A Competição entre Facções
O alto número de facções locais, pelo menos dez, dificultou o domínio do Comando Vermelho na região, criando um ambiente competitivo. "Cada facção ocupa nichos específicos, construindo suas próprias redes de proteção e financiamento", explica Azevedo, ressaltando que a multiplicidade de grupos contribui para a não hegemonia do CV.
Identidade Cultural e Pactos Informais
A identidade cultural do Rio Grande do Sul é outro fator que sustenta a resistência do Comando Vermelho. Renato Dornelles, autor do livro "Falange Gaúcha", destaca que o sistema penitenciário local operou sob um pacto informal entre as facções, que é um reflexo da cultura regional. O juiz Sidinei Brzuska complementa essa ideia ao afirmar que a tradição cultural do estado se reflete até nas organizações criminosas.
Relações Comerciais, Não de Subordinação
Embora a presença do Comando Vermelho seja nula no entorno de Porto Alegre, isso não significa que não existam interações comerciais com os grupos locais, especialmente no tráfico de drogas. O diretor do Instituto Cidade Segura, Alberto Kopittke, menciona que houve um aumento de conflitos em 2016 e 2017 entre o CV e PCC, mas esses envolvimentos se relacionam mais com comércio do que com controle territorial.
O Que Esperar do Futuro?
A estratégia dos grupos do Rio Grande do Sul parece ser a interiorização, aumentando sua presença em cidades médias e áreas periféricas em vez de buscar a expansão interestadual. Para Rodrigo Azevedo, essa tática auxilia na redução da exposição e maximiza a sustentabilidade dos negócios ilícitos. Por outro lado, o estado é caracterizado por suas peculiaridades socioculturais e geopolíticas, que, combinadas ao trabalho eficaz das forças de segurança, ajudam a frear a atuação do Comando Vermelho e de outras facções como o PCC.
A Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul reforça que o estado, com suas características únicas, se apresenta como um modelo no combate ao crime organizado, embora a análise da dinâmica criminal seja complexa e exigente.