O Brasil dá um passo significativo na luta contra a mudança climática ao liderar uma coalizão internacional que inclui a União Europeia e a China, com foco na integração dos mercados de carbono. Essa iniciativa faz parte da proposta do governo brasileiro para a COP30, que será realizada em Belém.
Na manhã de 6 de novembro de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, marcando o início de uma aliança que também conta com países como Reino Unido, Canadá, Chile, Armênia e Zâmbia. De acordo com fontes, a coalizão será formalmente lançada em 7 de novembro.
A proposta visa estabelecer um fórum permanente onde nações que já possuem sistemas de precificação de carbono possam cooperar. Isso inclui a harmonização de práticas e a promoção de transparência, essenciais para fomentar o comércio internacional de créditos de carbono, uma ferramenta crucial para ampliar a descarbonização econômica global. Hoje, há mais de 40 tributos sobre carbono e 35 sistemas de comércio de emissões ativos, cada um com suas regras específicas.
O governo brasileiro acredita que uma maior integração entre esses mecanismos poderá facilitar transações, diminuir custos e aumentar o impacto ambiental das compensações. Funcionando de forma similar a bolsas de valores, os mercados de carbono permitem que empresas que emitem menos gases de efeito estufa do que o permitido vendam seus créditos excedentes para aquelas que superam os limites. Nesse cenário, a criação de um preço para a poluição estimula investimentos em tecnologias limpas.
Além disso, foi informado que outros países poderão se juntar à coalizão nos próximos dias. A expectativa é que o grupo defina padrões de integridade e rastreabilidade dos créditos, inibindo a proliferação de mercados paralelos que não apresentem credibilidade.
A formação desta aliança surge em um contexto global de crescimento nas discussões sobre mercados de carbono, especialmente após a aprovação, em 2023, das regras do Artigo 6 do Acordo de Paris, que regulamentam o comércio internacional de créditos. O Brasil se posiciona agora como um mediador entre nações desenvolvidas e emergentes, além de se afirmar como um destino preferencial para investimentos em sustentabilidade.
Até o fim da COP30, a coalizão deve apresentar um plano de trabalho que inclua metas para uniformizar métricas de medição, verificação e reporte de créditos, assim como mecanismos de governança e auditoria. Politicamente, essa coalizão representa um movimento estratégico para reposicionar o Brasil como um interlocutor relevante nas discussões climáticas globais e desafiar a liderança da União Europeia na formulação de regras ambientais.
Do ponto de vista econômico, a iniciativa busca aumentar a liquidez e previsibilidade dos créditos de carbono, abrindo espaço para investimentos mais robustos em tecnologias de baixa emissão e na restauração de florestas. Contudo, o sucesso da coalizão dependerá da qualidade dos créditos e da participação voluntária de grandes emissores, conforme alertam especialistas. Sem essa colaboração, o mecanismo poderá se transformar em uma simples troca de documentos sem real transformação ambiental.