O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), um importante termômetro do PIB, registrou uma queda de 0,24% em setembro em comparação com agosto, de acordo com os dados ajustados sazonalmente. Este retrocesso indica uma possível mudança no ciclo econômico e revela sinais de fraqueza que podem afetar o crescimento em 2025.
Entre julho e setembro deste ano, a economia encolheu 0,9% se comparada ao trimestre anterior. Apesar dessa queda, a análise anual mostra que a atividade econômica ainda cresceu 2% em relação a setembro de 2024, acumulando uma alta de 3% nos últimos 12 meses. A retração observada em setembro foi principalmente impulsionada pelo setor industrial, que caiu 0,7%. O setor de serviços, por outro lado, teve uma leve diminuição de 0,1%, sinalizando uma perda de dinamismo no curto prazo.
Um aspecto positivo nesse cenário foi o desempenho da agricultura, que se destacou com um crescimento de 4,9%, enquanto o setor de serviços demonstrou resiliência ao crescer 1,8%, suavizando a desaceleração em outros setores.【1†source】
A economista-chefe do PicPay, Ariane Benetido, observa que o dado mais recente acende alertas sobre a capacidade de crescimento nos próximos trimestres. O 3º trimestre de 2025 deve apresentar um desempenho mais fraco, refletindo um quadro menos favorável para o início do 4º trimestre. "A atividade mantém-se resiliente, mas sem sinal de aceleração", pontua Benetido.
A situação atual é marcada por um freio monetário severo, com a Selic fixada em 15% ao ano. Essa condição resulta em crédito mais caro e uma demanda reprimida, levando as empresas a adiarem investimentos. O agronegócio e a melhoria da renda real, impulsionados por programas de transferência de renda, aliviaram os impactos iniciais, mas a persistência desse cenário pode estar se esgotando.
Relatos de empresas indicam uma crescente cautela em decisões de expansão. No âmbito do crédito, especialmente para pequenas e médias empresas, nota-se uma maior seletividade por parte das instituições financeiras. As famílias enfrentam um custo de vida crescente, desencorajando aquisições de bens mais caros, especialmente em segmentos que dependem de financiamentos, como automóveis e bens duráveis.