Relatório aponta buraco financeiro alarmante
Um estudo recente da organização CDP destaca que os riscos financeiros associados ao desmatamento são subestimados em até US$ 279 bilhões. A análise revela que empresas e instituições financeiras estão ignorando os impactos econômicos da destruição das florestas, que vão muito além das estimativas apresentadas em relatórios oficiais.
Impacto econômico do desmatamento em diversas indústrias
Os dados fazem parte de uma pesquisa que identificou mais de 1.200 riscos associados à perda de florestas, mas menos da metade das empresas conseguiu quantificar esses impactos. As companhias operantes na indústria de alimentos, bebidas e agricultura estão entre as mais vulneráveis, com 76% de suas receitas vinculadas a commodities como soja e café, que dependem de florestas. Setores como manufatura e varejo também apresentam exposição significativa, com riscos que afetam cadeias produtivas globais.
Finanças estão à mercê da opacidade
O setor financeiro apresenta um quadro ainda mais preocupante. Apesar de 129 instituições responderem ao questionário da CDP, representando US$ 30 trilhões em ativos, muitas não conseguem identificar se financiam empresas envolvidas no desmatamento. Essa falta de entendimento sobre a exposição ao risco implica em fragilidades sistêmicas que podem gerar perdas abrangentes em créditos e mercados financeiros.
Consequências financeiras em tempo real
Um exemplo citado no relatório é o recente rebaixamento da perspectiva de crédito da Hershey pela Moody's, que ocorreu após a alta dos preços do cacau, motivada por degradação florestal na África Ocidental. Esta situação mostra como as mudanças climáticas e a degradação ambiental estão se tornando riscos imediatos e palpáveis para os setores financeiros e produtivos.
Serviços ecossistêmicos sob risco
O estudo também destaca que as florestas desempenham papéis críticos no armazenamento de carbono, regulação do clima e preservação da qualidade da água, com um valor estimado em serviços ecossistêmicos avaliados em US$ 150 trilhões. A perda florestal agrava o aquecimento global e altera os padrões climáticos, afetando não só a produção agrícola, mas também a infraestrutura energética, com impactos diretos em hidrelétricas e sistemas de saúde.
A importância de ações coordenadas
O documento da CDP recomenda que empresas e instituições adote análises detalhadas para avaliar as dependências e riscos relacionados ao desmatamento (análises DIRO). Essas medidas não só aumentariam a transparência necessária no mercado financeiro, mas também auxiliarão na formulação de políticas públicas mais eficazes. Sem informações precisas, o setor financeiro permanece exposto a riscos elevados, que podem resultar em crises à medida que o desmatamento avança de forma acelerada.