Um novo estudo publicado no JAMA Neurology revela uma associação preocupante entre a apneia obstrutiva do sono e a doença de Parkinson. Os pesquisadores, liderados por Lee Neilson, neurologista da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, analisaram registros médicos de mais de 11 milhões de veteranos tratados entre 1999 e 2022, descobrindo que aqueles diagnosticados com apneia apresentaram quase o dobro do risco de desenvolver a doença neurodegenerativa.
A pesquisa destacou que aproximadamente 14% dos participantes foram diagnosticados com apneia do sono durante o período analisado. Os resultados mostram que a apneia do sono pode influenciar o risco de Parkinson, embora a causalidade não tenha sido comprovada. Neilson enfatiza a importância da identificação precoce dos pacientes em risco e a intervenção através de tratamentos adequados, como o CPAP (aparelho de pressão positiva contínua nas vias aéreas).
Os dados indicam que veteranos que utilizaram CPAP nos dois anos seguintes ao diagnóstico de apneia apresentaram 30% menos chances de desenvolver a doença em comparação com aqueles que não buscavam tratamento. Entretanto, a aceitação dos CPAP ainda é um desafio, pois muitos pacientes relatam desconforto e dificuldade em utilizá-los adequadamente.
Embora o estudo não prove que a apneia do sono causa Parkinson, especialistas, como Sairam Parthasarathy, médico da Universidade do Arizona, reconhecem sua relevância para futuras pesquisas. Parthasarathy acredita que uma melhor compreensão dessa associação pode incentivar novos estudos sobre como a apneia do sono pode afetar a saúde neurológica.
Os pesquisadores levantam a hipótese de que a apneia do sono, ao limitar a oxigenação do cérebro, pode levar a danos celulares que promovem a neurodegeneração. Ronald Postuma, da Universidade McGill, acrescenta que a condição pode interferir no sistema de remoção de resíduos do cérebro, o que poderia explicar sua ligação com outras condições neurológicas, como a demência.
A combinação de fatores genéticos e ambientais está ligada a 13% dos casos de Parkinson a nível global. Os especialistas concordam que, enquanto mais pesquisas são necessárias para validar essas teorias, a relação entre a apneia do sono e doenças neurodegenerativas merece atenção e um enfoque na busca por tratamentos eficazes. Portanto, incentivar pacientes a buscar ajuda para apneia do sono pode ter um impacto significativo na saúde pública.