Apesar de enfrentar um difícil cenário econômico, a Finlândia mantém o título de país mais feliz do mundo, conforme o último Relatório Mundial da Felicidade, elaborado em parceria entre o SDSN e a Gallup. Para muitos, esta aparente contradição se deve ao robusto estado de bem-estar e à capacidade de adaptação de seus cidadãos, fatores que pesam mais do que as dificuldades econômicas enfrentadas.
Um exemplo palpável é Juho-Pekka Palomaa, um jovem de 33 anos que completou 1.000 dias de desemprego. Apesar da situação, ele afirma que a rede de apoio social em seu país o ajuda a não perder a esperança: "Estou grato por ter uma rede de segurança econômica aqui na Finlândia, então talvez eu não esteja mais infeliz do que antes", declarou.
No entanto, os números são alarmantes. O desemprego finlandês alcançou a taxa mais alta em pelo menos 15 anos, com 10,3% em outubro, e entre jovens de 15 a 24 anos, a taxa chega a impressionantes 22,4%. A economista Hanna Taimio, de 54 anos, expressa preocupação ao afirmar: "Sinceramente, me aterra a situação da juventude... todos esses cortes são realmente assustadores".
A Comissão Europeia pode anunciar em breve a imposição de um procedimento de déficit excessivo ao país, após prever que Finlândia ultrapassará o limite de 3% em déficits orçamentários nos próximos três anos. Com isso, o governo já iniciou cortes nas prestações sociais, que incluem benefícios de desemprego e serviços da saúde, em um esforço para controlar a crescente dívida pública.
Mesmo com as dificuldades financeiras, a disposição dos finlandeses para enfrentar a adversidade se destaca. Segundo o professor John Helliwell, coautor do relatório, "a felicidade vai além da economia". As pessoas em seu país tendem a avaliar sua vida de forma positiva, priorizando fatores como a adaptabilidade e a colaboração em tempos difíceis.
As esperanças de recuperação econômica estão sombreadas pela história de Juho-Pekka Palomaa, que encontrou apoio na sauna comunitária em Helsinque, um lugar que, segundo ele, "é um espaço onde todos são iguais". O jovem decidiu organizar uma "festa de comida" em frente ao parlamento para simbolizar sua luta. "Obviamente, estou aqui para celebrar algo que nunca quis celebrar", disse ele, refletindo sobre a marca de mil dias de sua busca por empregos que não se concretizaram.
Os desafios enfrentados pela Finlândia são complexos e refletem uma dualidade entre a crise econômica e a felicidade nacional. Compromissos com o bem-estar social e a capacidade de resiliência cultural oferecem um vislumbre sobre como o país pode, ainda assim, permanecer no topo de rankings de felicidade.