Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, foi oficialmente condenado a 25 anos de prisão, em regime fechado, o que marca um novo capítulo na política do país. A decisão, que foi confirmada na terça-feira, dia 25 de novembro, estabelecerá que Bolsonaro cumprirá sua pena até novembro de 2050, totalizando 25 anos de reclusão, acrescidos de mais dois anos e três meses de detenção em virtude da sua condenação por crimes contra a Constituição. Ao final da pena, ele estará com 95 anos, enquanto seu antecessor, o general Augusto Heleno, também ligado à tentativa de golpe de estado, cumprirá 26 anos de prisão e estará na mesma faixa etária.
A condenação não apenas retira Bolsonaro do jogo eleitoral até 2060, como também provoca uma crise profunda nos partidos de direita, que agora tentam se reinventar sem a figura carismática do ex-presidente. A expulsão de Bolsonaro da política é vista como um divisor de águas, levando partidos de centro-direita a buscarem uma nova identidade, distantes de seus aliados da extrema-direita, que residem no Partido Liberal.
A nova circunstância política exige que os partidos de direita ajustem suas estratégias para se manterem competitivos nas eleições de 2026. Embora a ausência de Bolsonaro torne a dinâmica eleitoral incerta, a história das crises políticas no Brasil sugere cautela nas previsões. O historiador Carlos Fico destaca que houve 15 tentativas de intervenção militar nos últimos 120 anos, com diversas anistias a golpistas sendo concedidas pelo Congresso.
Desde a promulgação da Constituição de 1988, muitos juristas afirmam que a possibilidade de anistia para golpistas foi extinta. Em 2021, foi aprovada uma legislação específica contra crimes relacionados ao Estado Democrático de Direito, a qual foi sancionada por Bolsonaro, tornando-o o primeiro a ser punido pela própria caneta. Essa mudança legislativa e as novas diretrizes judiciais marcam um endurecimento do sistema frente a atos eleitorais ilícitos.
O quadro atual levanta questões sobre a adequação e a eficácia das leis do Brasil em lidar com crimes de corrupção e tentativas de golpe, à medida que os partidos tentam encontrar seu caminho em meio a um cenário político profundamente alterado. O impacto da prisão de Bolsonaro se estende além do âmbito jurídico, influenciando a forma como os partidos de direita se organizam e se apresentam ao eleitorado, em uma busca pela reinvenção em um futuro próximo.
As próximas eleições prometem ser um campo de batalha em que a nova configuração política terá que lidar com os legados de um período turbulento, em que Bolsonaro, a figura central da direita brasileira, estará ausente.