Flávio Bolsonaro considera desistir de candidatura à Presidência
Após anunciar sua candidatura à Presidência da República, Flávio Bolsonaro, senador pelo PL-RJ, revelou que pode desistir de sua corrida eleitoral. A decisão estaria ligada à falta de apoio do Centrão e ao seu desempenho insatisfatório nas pesquisas eleitorais. Atualmente, Flávio aparece atrás da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, nas intenções de voto.
Flávio condiciona sua desistência à aprovação de uma anistia para seu pai, Jair Bolsonaro, que está preso em razão de uma condenação relacionada a uma tentativa de golpe de Estado. Em suas declarações, ele destacou a importância de se negociar tal anistia para poder reavaliar sua posição na disputa. Ele elogiou Tarcísio, reconhecendo-o como um forte candidato para enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva, que busca a reeleição.
Uma pesquisa recente do Datafolha revelou que apenas 8% dos entrevistados consideram Flávio a melhor escolha para a candidatura, enquanto Michelle e Tarcísio obtêm 22% e 20% da preferência, respectivamente. Além disso, uma parte significativa do eleitorado (50%) afirmou que não votaria em um candidato apoiado pelo ex-presidente.
Nas redes sociais, bolsonaristas sugeriam que a candidatura de Flávio poderia ser uma estratégia para facilitar a saída de Jair da prisão. Esta ideia envolve um apoio flexível do Centrão a uma proposta de perdão em troca da união da direita, com foco na candidatura de Tarcísio.
Durante um culto em Brasília, que marcou sua primeira agenda de pré-campanha, Flávio foi questionado sobre sua possível desistência. Ele afirmou que “tem um preço para isso” e que deveria negociar essa possibilidade com as lideranças do Centrão. Flávio espera que a pauta da anistia seja debatida no Congresso em breve.
O encontro com os presidentes dos partidos do Centrão, como Valdemar Costa Neto (PL) e Ciro Nogueira (PP), deve ocorrer nos próximos dias. O senator descreveu suas expectativas ao afirmar que esperava incentivo dos líderes do Senado e da Câmara para que a anistia seja, de fato, discutida.
No entanto, a situação no Congresso é complicada, mesmo para temas considerados mais restritos, como a dosimetria das penas, que é abordada por uma proposta legislativa que busca reduzir as penas para crimes associados a tentativas de golpe. O líder do PT, Lindbergh Farias, criticou a candidatura de Flávio, chamando-a de “piada” e denunciando a pressão que ele exerce, caracterizando-a de maneira negativa.
Após seu culto, Flávio planeja visitar Jair na prisão para discutir o resultado das negociações e fortalecer os laços com seus aliados. O deputado Eduardo Bolsonaro, irmão de Flávio, já qualificou a candidatura como um “xeque-mate” contra adversários da direita.
Flávio referiu-se a Tarcísio como o “principal nome do time” e expressou a intenção de unificar a direita em torno de uma candidatura forte. Ele percebe a necessidade de atrair aliados, embora os partidos do Centrão tenham demonstrado resistência à sua candidatura em favor de uma neutralidade futura.
Além disso, Flávio minimizou a reação negativa do mercado após seu anúncio, observando que a Bolsa de Valores passou por uma queda significativa, mas que essa reação foi uma “análise precipitada”. Ele se autodenominou como um “Bolsonaro diferente”, enfatizando seu conhecimento político e sua busca por pacificação no país.