Cineasta Rolando Díaz fala sobre o exílio em Adiós Cuba
Aos 79 anos, o diretor Rolando Díaz apresenta sua nova obra, Adiós Cuba, que aborda o último grande êxodo de seu país natal. O cineasta cubano, conhecido por suas obras provocativas, reflete sobre sua trajetória e as experiências que moldaram sua identidade e sua arte.
A obra antecede a reflexão sobre a situação atual de Cuba, onde a emigração tem se tornado uma realidade cada vez mais presente. Desde a Revolução Cubana em 1959, muitas pessoas deixaram a ilha em busca de novas oportunidades e, com o recente êxodo, Díaz se mostra preocupado com o futuro da nação.
"A necessidade de rodar esta película brotó de maneira impulsiva. Me assaltou a tremenda preocupação de que a ilha se estava vaciando", disse Díaz. A obra é marcada por um olhar íntimo sobre a migração, com relatos de cubanos que partiram por diferentes meios: "Busquei saídas de Cuba por aire (aviões e aeroportos), mar (balsas) e terra (fronteiras) e encontrei o que precisava para rodar", afirmou.
Sobre a filmagem de Adiós Cuba, o cineasta enfrentou dificuldades com os recursos disponíveis. Ele comentou que "o tremendo desenvolvimento tecnológico facilita rodar, ou ao menos, fazer um filme com pouquíssimos recursos. Mas a falta de dinheiro é sentida". Muitas pessoas tiveram que trabalhar sem remuneração, o que tornou a produção ainda mais desafiadora.
Díaz também destacou os impactos de sua própria emigração e como eles influenciam sua visão artística. "Emigrar é complicado. Sou cubano de alma, mas tenho a nacionalidade espanhola. Meus primeiros passos em um novo país foram difíceis, porque não sabia as possibilidades que tinha", contou.
Ele enfatizou a diferença entre seu trabalho no exterior e suas origens, observando que seu documentário El largo viaje de rústico, embora uma coprodução com Cuba, foi visto como espanhol na cerimônia de premiação do Goya. "É absurdo, porque a história é completamente cubana, mas devido à falta de reconhecimento, a produção acabou sendo identificada como espanhola".
Durante a entrevista, Rolando также lembrou de seus trabalhos anteriores, destacando que Los pájaros tirándole a la escopeta é uma de suas obras mais queridas, embora não a considere a melhor. "É uma memória viva de muitos momentos, recheada de espontaneidade, e me proporcionou alegrias"," declarou.
Sobre a participação do filme em festivais, ele expressou seu descontentamento, afirmando que o tema cubano pode não estar na moda atualmente. "Os festivais de cinema têm toda liberdade para decidir o que selecionam. O tema cubano não tem atraído tanto interesse nos últimos tempos", lamentou.
Em relação ao futuro, Díaz espera que Adiós Cuba consiga alcançar os corações dos cubanos, servindo como um retrato da emigração. "Espero que este filme tenha um valor em si mesmo e que possa ser visto por muitos cubanos. O ideal seria que pudesse ser exibido livremente na ilha um dia", afirmou.
Por fim, o diretor falou sobre a necessidade de abordar a comédia em sua carreira, destacando que mesmo em tempos dramáticos, o riso pode ser uma forma poderosa de expressão. "A situação atual é tão dramática que, em contraste, rir é uma excelente opção. Eu amo a comédia; é minha essência, mesmo diante de todo o sofrimento".