Tesla é acusada de marketing enganoso em relação a seus sistemas de assistência ao motorista
Um juiz administrativo decidiu que a Tesla se envolveu em marketing enganoso que criou uma falsa impressão sobre as capacidades de seu sistema de assistência ao motorista, conhecido como Autopilot, e a opção Full Self-Driving. Essa decisão marca um ponto crucial em um caso que está em andamento há anos, iniciado pelo Departamento de Veículos Motorizados (DMV) da Califórnia.
O juiz atendeu ao pedido do DMV da Califórnia para suspender as vendas da Tesla por 30 dias como penalidade, porém o órgão ficou com a ordem em suspenso, concedendo à Tesla um prazo de 60 dias para modificar ou remover qualquer linguagem enganosa antes da implementação da suspensão. Além disso, o juiz recomendou a suspensão da licença de fabricação da Tesla por 30 dias, mas essa ordem também foi suspensa, conforme informações da Bloomberg News.
Steve Gordon, diretor do DMV, comentou em um comunicado: "A decisão de hoje confirma que o departamento manterá cada fabricante de veículos sob os mais altos padrões de segurança para proteger os motoristas, passageiros e pedestres da Califórnia." Ele também destacou que a Tesla pode tomar medidas simples para suspender essa decisão e resolver permanentemente a questão.
A Tesla, por sua vez, afirmou em um post na plataforma X que suas vendas na Califórnia continuarão sem interrupções e argumentou que a determinação do juiz foi uma ordem de "proteção ao consumidor" em relação ao uso do termo "Autopilot", apontando que não houve reclamações por parte de clientes.
Após o período de 60 dias, a Tesla pode apelar da decisão e, caso cumpra as exigências, as suspensões serão canceladas. No entanto, não está claro quais passos o DMV espera que a Tesla tome, além de pedir a empresa para "agir em relação ao uso do termo 'Autopilot'." O DMV não se pronunciou sobre pedidos para esclarecimentos ou sobre o aparente plano da Tesla de ignorar a decisão.
A Tesla tem enfrentado várias investigações por parte do Procurador-Geral da Califórnia, do Departamento de Justiça e da Comissão de Valores Mobiliários sobre alegações similares de que sua comunicação sobre sistemas de autonomia parcial era enganosa. A empresa também lidou com várias ações civis de indivíduos que alegam ter se envolvido em acidentes envolvendo sua tecnologia de Autopilot.
O caso do DMV da Califórnia tem se arrastado pelos canais de audiências administrativas do estado há anos. O DMV acusou a Tesla de criar uma expectativa exagerada quanto às capacidades de seus sistemas de assistência ao motorista, o que, segundo eles, levou a uma confiança excessiva nos sistemas e contribuiu para diversos acidentes e até mortes.
A Tesla refutou essas alegações, sustentando que seu marketing é um discurso protegido. A suspensão de vendas na Califórnia, mesmo que temporária, poderia ter um impacto significativo nos negócios da Tesla, visto que este estado é o maior mercado da empresa nos Estados Unidos.
A suspensão da fabricação poderia também prejudicar os negócios da Tesla. Apesar da construção de uma enorme fábrica em Austin, Texas, e da mudança de sua sede para este local, a empresa ainda depende da fábrica de Fremont, na Califórnia, para a produção de centenas de milhares de veículos, incluindo todos os modelos Model 3 destinados à América do Norte.
A decisão do juiz ocorre em um momento em que a Tesla está avançando em seus testes de serviço de Robotaxi em Austin, onde, nos últimos seis meses, a empresa vinha oferecendo passeios aos clientes, mas com um monitor de segurança presente no veículo, seja no banco do motorista ou do passageiro. Esses veículos operam com uma versão diferente do software de direção da Tesla em relação ao que os clientes têm em seus carros, segundo afirmou o CEO Elon Musk.
Este artigo foi atualizado para incluir informações do comunicado à imprensa do DMV e a resposta da Tesla.