Aprovação de Lei Reduz Penas É Polêmica no Brasil
Na noite de quarta-feira, o Senado Federal do Brasil aprovou, com 48 votos a favor e 25 contra, um projeto de lei que propõe a redução das penas de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros condenados por envolvimento em atos golpistas. A nova legislação, que já havia recebido aprovação da Câmara dos Deputados na semana anterior, agora aguarda apenas a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula, que se opõe firmemente à medida, já declarou sua intenção de vetá-la. Contudo, essa ação pode ser simbólica, pois, os deputados têm a prerrogativa de restaurar o texto imediatamente após o veto. Apesar disso, é provável que o tema seja levado ao Supremo Tribunal Federal, onde a oposição busca questionar a constitucionalidade da nova norma.
A lei entra em vigor menos de um mês após Bolsonaro começar a cumprir uma condenação de 27 anos e três meses de prisão por múltiplos crimes, durante os quais foi considerado o principal responsável por orquestrar uma tentativa de ruptura institucional para permanecer no poder após sua derrota nas eleições de 2022. Desde a condenação, já havia discussões nos corredores do Congresso Nacional sobre a possibilidade de uma amnistia, mas a pressão popular e as dificuldades em aprovar uma legislação abrangente levaram os apoiadores de Bolsonaro a buscar alternativas.
Os defensores da proposta argumentam que as penas atualmente impostas são excessivas e desproporcionais, especialmente em relação aos condenados pela invasão das sedes dos três poderes em Brasília, ocorrida em 8 de janeiro de 2023. O texto aprovado altera as penas para delitos cometidos "em ambiente de multidão", reduzindo a gravidade das acusações e proibindo a soma de penas por ações cometidas no mesmo contexto, contabilizando apenas a mais severa.
Essa nova legislação não apenas beneficia os manifestantes apoiadores da extrema direita, considerados "mártires" por alguns, mas também os líderes do movimento. Se a nova lei for aplicada, a pena de Bolsonaro poderia ser reduzida de 27 para 21 anos, permitindo que ele cumpra cerca de dois anos em regime fechado, mas isso depende de futuras interpretações legais.
Além disso, a situação de Bolsonaro é incerta, pois está atenta ao seu estado de saúde. Seus advogados, que desde o início solicitam a prisão domiciliar, pediram recentemente permissão para que ele se submeta a uma operação de urgência devido a problemas de saúde. A Polícia Federal o avaliou na quarta-feira, e o juiz Alexandre de Moraes decidirá se permite a cirurgia ou não.
Enquanto isso, no outro lado da Praça dos Três Poderes, o Supremo Tribunal segue julgando os envolvidos na tentativa de golpe. Recentemente, cinco militares e políticos de segundo escalão foram condenados, incluindo o general Mario Fernandes, que confessou ter orchestrado um plano para assassinar Lula e outros defensores da democracia. A redução das penas também impactará estes outros condenados, criando um cenário ainda mais complexo no panorama político brasileiro.