Desvio de Cota Parlamentar: Deputados do PL Sob Investigação
A Polícia Federal iniciou uma investigação envolvendo os deputados Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy, ambos do PL-RJ, por suspeitas de desvio de verbas da cota parlamentar. Durante a operação, a PF encontrou R$ 430 mil em dinheiro no apartamento de Sóstenes, levantando preocupações sobre a utilização indevida de recursos públicos.
A investigação, que tem como foco o uso da cota para o Exercício da Atividade Parlamentar, mostra que os deputados teriam utilizado servidores e empresas de fachada para desviar recursos, que deveriam ser aplicados em despesas oficiais, como aluguel de veículos e passagens aéreas. O emprego de esquemas como o "smurfing" foi identificado, onde saques e depósitos fracionados evitam os alertas do sistema financeiro.
O valor encontrado na residência de Sóstenes é consideravelmente superior ao que foi declarado por ele à Justiça Eleitoral no último ano, indicando uma possível infração grave. Em resposta a essas alegações, os deputados sustentam que são vítimas de perseguição política e defendem a origem do dinheiro encontrado, afirmando que se trata de recurso proveniente da venda de um imóvel.
Segundo a PF, além do dinheiro em espécie, existem provas de conversas que respaldam a acusação de que pagamentos estariam sendo feitos \"por fora\". Mensagens de WhatsApp coletadas nas investigações sugerem que os parlamentares mantinham comunicação sobre pagamentos irregulares. A quebra de sigilos telefônicos de ambos, com datas que abrangem de maio de 2018 até dezembro de 2024, revela indícios de atividades suspeitas.
A prática de "smurfing", citada nas investigações, denota uma estratégia utilizada para evitar a detecção por parte das autoridades financeiras, dividindo valores em transações menores. Além disso, a PF destacou que os deputados usavam a cota parlamentar inequivocamente para cobrir despesas que poderiam ser consideradas inexistentes ou fraudulentas.
Os recursos desviados, aparentemente, eram direcionados a contratos que simulavam serviços não prestados, implicando tanto os deputados quanto assessores e outros atores envolvidos. A Polícia Federal relata que conversas entre assessores indicam uma coordenação nas ações, o que poderia caracterizar não apenas o desvio de recursos, mas também a formação de uma organização criminosa.
O episódio gerou repercussão significativa na Casa Legislativa, levantando discussões sobre a transparência nas operações parlamentares e a necessidade de fiscalizações mais rigorosas. Os gastos com aluguel de carros pelos deputados em 2024, por exemplo, foram 87% maiores do que a média entre os demais parlamentares, segundo estudo realizado pelo GLOBO.
Em uma coletiva, na Câmara dos Deputados, o líder do PL e os parlamentares se manifestaram indignados com a decisão da PF e ressaltaram que não houve irregularidade em seus atos, desafiando a veracidade das evidências apresentadas. A continuidade das investigações e a eventual responsabilização dos envolvidos estão sendo acompanhadas de perto pela opinião pública e por órgãos de controle.
Com uma série de operações já realizadas e a análise detalhada dos documentos e mensagens trocadas, a Polícia Federal trabalha para esclarecer a extensão do esquema, que, se confirmado, poderá impactar a imagem do legislativo federal e trazer à tona a necessidade de reformas na supervisão das contas públicas.