Um esquema de R$ 6,3 bilhões contra aposentados do INSS, envolvendo associações que descontavam valores sem autorização, levou à demissão do presidente do órgão e agora coloca o ministro da Previdência, Carlos Lupi, no centro de críticas da oposição. A Polícia Federal (PF) identificou 29 entidades que cadastravam até 1.569 beneficiários por hora usando assinaturas falsas, segundo relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). O caso, que ocorreu entre 2019 e 2024, mobiliza o Congresso para a possível abertura de uma CPI.
As associações firmavam Acordos de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS para descontar mensalidades de aposentados, mas usavam documentos falsificados para incluir beneficiários sem consentimento. Uma entidade chegou a filiar 1.569 pessoas por hora, segundo a CGU. O dinheiro desviado era repassado a lobistas e servidores públicos, incluindo um apelidado de “Careca do INSS”, apontado como operador central do esquema.
A oposição acusa o ministro Carlos Lupi de omissão e cobra explicações sobre a demora na fiscalização. Parlamentares já articulam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar supostas falhas na gestão da Previdência. Enquanto isso, o INSS prepara um plano para ressarcir as vítimas, conforme anunciado nesta sexta-feira (3).
A PF deflagrou a Operação Sem Desconto na semana passada, cumprindo mandados em seis estados. Seis pessoas foram presas, incluindo servidores e empresários. O ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido após as investigações revelarem superficialidade nos processos de auditoria do órgão.
O governo promete agilizar o ressarcimento, mas não detalhou prazos ou valores individuais. Para especialistas, o caso expõe falhas crônicas na governança do INSS, que permitiram a ação coordenada de grupos por pelo menos cinco anos.
Imagem: Operação da Polícia Federal em vários estados brasileiros contra fraudes no INSS — Foto: Polícia Federal
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