Kim Moon-soo, ex-ministro do Trabalho e conservador de 73 anos, foi escolhido como o candidato presidencial do Partido Popular (PPP) da Coreia do Sul, despontando como o principal adversário do favorito nas pesquisas, Lee Jae-myung. A eleição está marcada para 3 de junho, estabelecendo um novo cenário político após o impeachment de Yoon Suk Yeol em abril deste ano, que ocorreu devido a uma declaração de lei marcial sem justificativa.
A destituição de Yoon Suk Yeol pela Corte Constitucional em abril foi um marco na história sul-coreana, ocorrendo após fanfarras de uma "grave violação de deveres". O ex-presidente foi removido por ter imposto lei marcial em 3 de dezembro de 2023, o que foi amplamente considerado uma medida arbitrária e sem fundamento. A situação gerou um vácuo de poder que, por sua vez, levou à convocação de eleições antecipadas, sendo a primeira vez que um presidente sul-coreano foi destituído desde Park Geun-hye em 2017.
Kim Moon-soo, que ocupou a pasta do Trabalho de 2022 a 2024, representa a transição de um ex-ativista trabalhista para uma figura conservadora de destaque. Ele ganhou notoriedade ao liderar protestos estudantis nos anos 1970 e agora, como candidato, está focado em reduzir regulamentações empresariais e implementar reformas no mercado de trabalho. Sua estratégia visa capitalizar o descontentamento generalizado com as políticas trabalhistas do governo anterior.
Nos bastidores, membros do PPP indicam que Kim está em negociações para formar uma aliança com o ex-premiê Han Duck-soo, como uma maneira de unir o eleitorado conservador, que se encontra fragmentado após o impeachment de Yoon. Especialistas apontam que essa coalizão é essencial para competir efetivamente contra Lee Jae-myung, que lidera os levantamentos de opinião pública com 38% de apoio.
A crise provocada pela lei marcial de Yoon não apenas impactou a política, como também agravou a desaceleração econômica do país. As projeções atuais indicam um crescimento de apenas 1,9% para 2025. Em resposta a esse cenário difícil, Kim promete revitalização industrial por meio da flexibilização de impostos e redução da burocracia. No entanto, críticos se preocupam com as consequências desta abordagem, temendo um aumento na precarização do mercado de trabalho.
A nomeação de Kim foi recebida de forma mista. O Partido Democrático, liderado por Lee Jae-myung, criticou a escolha, chamando-a de "continuísmo de políticas fracassadas". Em contrapartida, grupos empresariais comemoraram a agenda pro-mercado do novo candidato. A campanha oficial de Kim começará em 10 de maio, e debates estão previstos para abordar questões cruciais como segurança nacional e a recuperação econômica do país.
Fonte: AP (2/5), Economic Times (3/5), WTOP (3/5).