A presidente do México, Claudia Sheinbaum, refutou uma proposta de Donald Trump que sugeria o envio de tropas dos Estados Unidos ao território mexicano. O impasse diplomático gerou repercussões significativas e ocorreu durante ligações privadas entre os líderes nos últimos meses, com confirmação pública em 4 de maio de 2025 durante um evento no leste do México. Sheinbaum enfatizou a necessidade de respeitar a soberania do país, dizendo que esta é "inalienável".
Conforme reportagem do Wall Street Journal, Trump pressionou Sheinbaum em conversas recentes a permitir uma maior participação militar americana no combate aos cartéis de drogas. A proposta sugeria o envio direto de tropas americanas, uma abordagem que já havia sido experimentada anteriormente sob a administração Trump, com a utilização de drones da CIA e a designação dos cartéis como "grupos terroristas".
Em uma declaração enfática no sábado, Sheinbaum deixou claro que "nunca aceitaremos a presença do Exército dos EUA em nosso território". Ela afirmou que a colaboração entre os dois países deve ficar restrita a ações em seus próprios territórios: "Podemos trabalhar juntos, cada um em seu território". Suas palavras refletiram a postura histórica do México contra intervenções militares estrangeiras, mesmo sob pressão para obter resultados efetivos no combate ao narcotráfico.
A resposta da Casa Branca à recusa foi contida. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, James Hewitt, reiterou que os dois países mantêm "a fronteira sudoeste mais segura da história" e destacou ações de extradições de líderes de cartéis como um sinal da cooperação bilateral em andamento. Embora a administração Trump não tenha se pronunciado diretamente sobre a rejeição de Sheinbaum, relatórios indicam um aumento das posições de tropas na fronteira norte do México.
A recusa de Sheinbaum à proposta ocorre em um contexto geopolítico marcado por um aumento do uso de drones de vigilância dos EUA sobre o território mexicano e uma crescente designação de cartéis como organizações terroristas, além de uma crescente pressão migratória na fronteira comum. Analistas apontam que a insistência de Trump na estratégia militar pode intensificar as tensões bilaterais, enquanto a presidente mexicana tenta equilibrar a necessidade de segurança e a defesa da soberania nacional.
Enquanto a colaboração no combate ao narcotráfico continua sendo um eixo central nas relações México-EUA, as limitações agora ficam mais evidentes: destaca-se o compartilhamento de inteligência como principal ferramenta entre as nações, além de compromissos em extradições de líderes do crime organizado. No entanto, a recusa a qualquer operação armada estrangeira permanece em pé de igualdade, evidenciando a determinação de Sheinbaum em desafiar a doutrina de segurança de Trump e priorizar a autonomia nas operações contra os cartéis.
Esse episódio evidencia a tensão entre a colaboração necessária para enfrentar o narcotráfico e a defesa da soberania nacional, destacando como as prioridades de ambos os lados podem colidir no cenário contemporâneo. Enquanto Trump busca resultados rápidos através da intervenção militar, a presidente mexicana defende a jurisdição nacional — um impasse que poderá moldar o futuro do combate ao narcotráfico na América do Norte.