O Brasil se torna, a cada dia, um país mais envelhecido e feminino. A última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que as mulheres representam 51,5% da população, com a idade mediana aumentando de 29 anos em 2010 para 35 anos em 2022. Esse contexto ressalta a importância de discutir a sexualidade das mulheres acima dos 50 anos, um tema abordado com profundidade no recente evento Happy Aging, realizado em Brasília.
Durante o encontro, a psicóloga Ana Canosa, especialista em terapia sexual, destacou um aspecto crucial: é hora de mudar a percepção de que sexo é sinônimo de performance. "A maturidade nos liberta da pressão por desempenho e nos convida a focar na qualidade das experiências", afirma Canosa. Essa mudança de perspectiva permite uma vivência sexual mais rica, conectada e menos apressada, ressaltando que o prazer deve ser prioridade.
Um dos temas debatidos foi como a menopausa é vista por muitas como o fim da vida sexual, um mito que mantém mulheres prisioneiras de estereótipos. "A sexualidade não é limitada à penetração e não existe prazo de validade para o desejo", esclarece a sexóloga. Essas falácias frequentemente criam barreiras para que mulheres maduras desfrutem plenamente de sua sexualidade.
A terapeuta Ana Canosa também abordou a pressão estética enfrentada pelas mulheres mais velhas. "Vivemos em uma sociedade que idealiza a juventude como sinônimo de beleza e desejo", comenta. Essa visão pode levar à desvalorização do corpo maduro, gerando insegurança. Contudo, ela enfatiza que todas as fases da vida têm sua beleza e que a mudança corporal deve ser vista como algo natural e positivo.
Com relação às mudanças fisiológicas decorrentes da idade, Canosa menciona que a medicina pode oferecer suporte valioso, utilizando lubrificantes, vibradores e tratamentos estéticos que visam o bem-estar sexual das mulheres. "É fundamental buscar auxílio para que a vida sexual continue saudável e prazerosa", conclui.
Exemplos de resistência ao preconceito etário foram evidentes, como o protesto da atriz Claudia Ohana aos 62 anos, que afirmou: 'Nós não estamos velhas aos 62'. Essa mensagem foi amplamente compartilhada e aplaudida nas redes sociais, provando que a idade é apenas um número e que o preconceito deve ser combatido. Muitas mulheres se identificaram com a causa, reforçando a ideia de que é possível envelhecer com leveza e plenitude.