À medida que as Filipinas se aproximam das eleições intermediárias de 2025, a China se consolidou como um tema central e polêmico que molda o panorama político nacional. O pleito, agendado para o dia 13 de maio de 2025, definirá metade do Senado e diversos cargos locais, com a grande questão sendo como candidatos e partidos se posicionarão em relação à complexa relação do país com a China, especialmente em relação às disputas no Mar do Sul da China. As alegações de interferência e campanhas de desinformação por parte da China intensificaram ainda mais o clima eleitoral, levantando preocupações sobre soberania, influência estrangeira e segurança nacional.
Os eleitores filipinos, os candidatos, o governo chinês e as autoridades locais estarão no epicentro das eleições de 2025, que são marcadas por debates acalorados sobre a influência da China e alegações de intervenções. As eleições não dizem respeito apenas à governança interna, mas também à direção estratégica das Filipinas na região do Indo-Pacífico, influenciadas pela crescente assertividade da China nas disputas territoriais.
A disputa do Mar do Sul da China se tornou um tema definidor, com as reivindicações territoriais expansivas da China colidindo diretamente com a soberania das Filipinas. O presidente Ferdinand Marcos Jr., no cargo desde 2022, adotou uma abordagem diferente de seu antecessor, Rodrigo Duterte, ao fortalecer os laços com os Estados Unidos e enfatizar a soberania nacional. Essa mudança de postura elevou a China a um tópico polêmico nas campanhas eleitorais, obrigando candidatos a esclarecer suas posições quanto à crescente influência regional de Pequim.
O processo eleitoral tem sido ofuscado por sérias alegações de interferência chinesa. Autoridades filipinas acusam a Embaixada da China em Manila de financiar "fazendas de trolls" locais para espalhar desinformação e influenciar a opinião pública em favor de candidatos pró-China. Um nacional chinês foi flagrado próximo à comissão eleitoral das Filipinas portando equipamentos de vigilância, levantando temores de espionagem. O líder do Senado, Francis Tolentino, condenou essas ações como uma "campanha sinistra" destinada a minar o governo das Filipinas e manipular o resultado das eleições.
"Essa campanha visa, sem dúvida, interferir nos processos democráticos de nosso país," declarou Tolentino.
A partir de então, o Conselho de Segurança Nacional apelou formalmente à Embaixada da China para que explicasse os alegados pagamentos a empresas envolvidas em esforços de propaganda online, evidenciando a gravidade das acusações. Essa situação criou uma camada adicional de complexidade e desconfiança em um ambiente eleitoral já tenso.
O resultado das eleições não só impactará as políticas internas, mas também definirá como o país navegará sua relação com a China e os Estados Unidos, em especial nas áreas de segurança marinha e cooperação econômica. O alinhamento do presidente Marcos Jr. com Washington contrasta fortemente com as políticas favoráveis à China de Duterte, sinalizando uma potencial recalibração da política externa, dependendo da composição dos legisladores eleitos.
As eleições funcionarão, portanto, como um referendo sobre a percepção dos filipinos em relação ao papel da China no futuro do país. Com a disputa no Mar do Sul da China ainda vigente e as tensões regionais em alta, os desdobramentos afetarão dinâmicas geopolíticas mais amplas no Sudeste Asiático.