O presidente dos EUA, Donald Trump, está considerando a possibilidade de receber um luxuoso jato 747 do Catar, ofertado pela família real do país, como substituto temporário do Air Force One. Essa proposta levanta importantes questões sobre segurança e custos potenciais relacionados à precisa adequação do jato para o transporte presidencial.
Trump revelou em uma postagem no Truth Social que o Departamento de Defesa deveria receber o avião "sem custo algum" para substituir o seu Air Force One antigo, que está passando por atrasos no seu processo de renovação. A Casa Branca confirmou que ainda estão sendo discutidos os detalhes da oferta feita pelo Catar.
O Air Force One, que designa qualquer aeronave da Força Aérea dos EUA em que o presidente esteja a bordo, é geralmente associado ao icônico avião azul e branco usado para o transporte presidencial. Este modelo é um centro de comando voador auto-suficiente, projetado para operar em total segurança. Assim, a utilização de uma aeronave doada por um governo estrangeiro exigiria uma ampla modificação para atender às normas de segurança apropriadas.
Marc Polymeropoulos, ex-oficial sênior da CIA, apontou que o processo para adaptar o jato catarense poderia ser extremamente dispendioso. Ele ressaltou que "correrá um custo exorbitante para trazer a aeronave ao padrão necessário, dado que é um presente de um governo estrangeiro".
Com um valor estimado em 400 milhões de dólares, o 747 oferecido é uma versão personalizada já utilizada pelo Catar, e é significativamente maior que o 757-200, conhecido como "Trump Force One", atualmente na posse de Trump. O novo modelo de Air Force One, chamado VC-25B, encontra-se em desenvolvimento desde 2015, mas sua entrega foi adiada para 2027, no mínimo.
Trump também expressou sua frustração com os atrasos na construção do novo Air Force One, mencionando que o jato do Catar poderia ser uma opção válida até que a nova aeronave estivesse disponível. Em declarações a repórteres, ele caracterizou o gesto do Catar como uma "grande oferta" e enfatizou o apoio que os EUA têm fornecido ao país ao longo dos anos, levantando questões sobre as implicações legais e éticas de aceitar tal presente.
Contudo, a decisão gerou críticas entre legisladores norte-americanos. Joe Courtney, deputado de Connecticut, expressou preocupações sobre os custos e riscos de segurança associados ao retrofit da aeronave obtida do Catar, afirmando que "retrofitar um avião do Catar criaria enormes custos e um pesadelo de segurança".
Além disso, o ex-agente do Serviço Secreto, Joseph LaSorsa, destacou os riscos potenciais envolvendo o avião, como possíveis atos de sabotagem ou rastreamento por dispositivos de vigilância. Ele afirmou que o governo americano teria que realizar um exame completo do jato, um processo que pode levar até um ano ou mais.
Se o acordo for concretizado, o 747 do Catar precisaria ser modificado e militarizado pelo Pentágono para atender aos requisitos de segurança de transporte presidencial, o que não seria uma tarefa barata ou simples. Polymeropoulos concluiu que a ideia de adaptar um jato estrangeiro para o uso presidencial não parece financeiramente viável, já que os custos de modificação seriam comparáveis a construir uma nova aeronave.