Pesquisadora coleta amostras para análise da gripe aviária no Rio Grande do Sul. Reprodução: Globo
Um laboratório brasileiro, referência em biossegurança, utilizou o mesmo método de identificação de Covid-19 para detectar o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial. O teste foi realizado com um swab, uma ferramenta similar a um cotonete, que coletou amostras biológicas das aves infectadas. As amostras foram retiradas da traqueia e da cloaca, e órgãos do sistema digestivo, respiratório e nervoso também foram analisados e preparados para teste.
O Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), situado em Campinas, é o responsável por essa detecção. Com um dos mais altos níveis de biossegurança do país, o LFDA atua como uma referência na América Latina para identificação de contaminações. A auditora fiscal federal de agropecuária, Juliana Nabuco Pereira Otaka, explicou que os órgãos foram triturados e misturados com reagentes especiais para liberar o material genético do vírus. O resultado dos testes é disponibilizado em até 24 horas.
O acesso ao laboratório onde a equipe do Fantástico realizou a gravação foi restrito, e os jornalistas precisaram usar equipamentos de proteção individual. O LFDA, em operação desde 1979, possui nove laboratórios dedicados ao monitoramento de doenças, atendendo aos programas do Ministério da Agricultura e Pecuária.
Recentemente, amostras de frango das regiões sul do Brasil foram enviadas para o LFDA em caixas de isopor, garantindo que a temperatura permanecesse abaixo de 8 °C, seguindo os protocolos da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Além disso, o laboratório possui um nível de biossegurança considerado 3+ (NB3+), que é o máximo no Brasil para atividades com patógenos de alta letalidade, embora um novo laboratório com nível NB4 esteja em construção na região.
A situação também demanda altos protocolos de segurança, como a proibição do uso de celulares, óculos e alimentos nas áreas críticas do laboratório, onde estão armazenadas as amostras que contêm o vírus da influenza aviária. Uma vez acionada, a porta que dá acesso à área de alto risco é automaticamente travada, exigindo rigor no controle de acesso e descontaminação com substâncias apropriadas, como formol.
Atualmente, as investigações se concentram em descobrir a origem da transmissão da gripe aviária no Rio Grande do Sul. Os cientistas analisam a possibilidade de que as 90 aves aquáticas que faleceram no zoológico de Sapucaia do Sul possam estar ligadas ao surto. Além disso, outro laboratório investiga se o vírus encontrado em galinhas de uma granja comercial no Tocantins é o mesmo. O resultado é esperado ainda nesta semana.
O ministro da agricultura, Carlos Fávaro, assegurou que a população não corre riscos. Entretanto, a preocupação internacional aumentou, resultando na suspensão da importação de carne de frango brasileira por diversos países. Fávaro acredita que em um mês o foco do surto será controlado, permitindo ao Brasil reverter a situação e garantir a segurança alimentar da população. "Os trabalhadores envolvidos estão em isolamento e monitorados, portanto não há risco algum para a saúde pública", finaliza.