Toco de eucalipto de 500 anos representa a exploração madeireira em ecossistemas da Tasmânia. Reprodução: Globo
A exploração de florestas endêmicas na Tasmânia, uma ilha australiana famosa por sua rica biodiversidade, tem gerado agitação e protestos. Informações recentes revelam que 18,5% das árvores endêmicas foram extraídas entre 2022 e 2023, o que contrasta com a proibição dessa prática em outros estados australianos. A extração de madeira, frequentemente destinada à exportação para países como China e Japão, levanta preocupações sobre o impacto ambiental e a conservação de espécies ameaçadas.
A Tasmânia é um oásis natural, com cerca de 3,4 milhões de hectares cobertos por florestas, fazendo dela um ecossistema vital. No entanto, os críticos, como Jenny Weber da Fundação Ambiental Bob Brown, destacam que árvores com mais de 500 anos, como um eucalipto monumental derrubado recentemente, são transformadas em tocos insignificantes, muitas vezes deixados no solo após o corte, causando devastação ao ambiente.
Em março, mais de 4.000 manifestantes tomaram as ruas da capital Hobart em protesto contra a extração de madeira de espécies endêmicas. Essa prática é especialmente alarmante para aves como o periquito-migratório, que depende de cavidades em árvores antigas para reproduzir. Charley Gros, ecologista da Fundação Bob Brown, enfatiza que sem as cavidades, as populações dessas aves correm risco de extinção.
A agência pública Sustainable Timber Tasmania, responsável pela gestão das florestas, alega que suas práticas são sustentáveis. De acordo com a agência, a extração anual de cerca de 6.000 hectares representa menos de 1% da área florestal sob sua responsabilidade, e milhares de sementes estão sendo plantadas para regeneração florestal. Todavia, críticos contestam que as medidas adotadas não são suficientes para mitigar os impactos prejudiciais.
Weber enfatiza que a forma como a exploração florestal é conduzida envolve o uso de produtos químicos tóxicos nos processos de limpeza dos terrenos devastados. Além disso, a prática de replantio foca apenas no eucalipto, ignorando a diversidade do ecossistema original e comprometendo várias espécies que dependem dessa interdependência. Os danos ambientais são alarmantes e não se refletem em benefícios econômicos significativos; segundo estimativas, a derrubada de árvores gerou apenas 80 milhões de dólares em 2022-2023 e empregou menos de 1.000 pessoas.