Artistas Indígenas em Destaque na COP30
A poucos dias da COP30, que ocorrerá no coração da Amazônia, a participação indígena em debates sobre mudanças climáticas ganha destaque. A ativista Txai Suruí, única brasileira convidada a integrar o Grupo Consultivo da Juventude da ONU, discute como a arte se torna um poderoso meio de diálogo e luta ambiental. Em um painel no Festival do Rio, Suruí lembrou que, apesar de seu povo acreditar que as câmeras "roubam a alma", hoje elas são suas "flechas" na luta pela proteção do planeta.
O Papel da Arte na Luta Ambiental
Txai, que é produtora executiva do documentário “Minha Terra Estrangeira”, reflete sobre a necessidade de um compromisso real com a implementação dos acordos climáticos, além de questionar a participação efetiva dos povos indígenas nas conferências climáticas. “O audiovisual é uma ferramenta que pode ajudar a proteger e fortalecer a nossa cultura”, afirma.
Desafios na Produção Cultural Indígena
A produção artística indígena é marcada pelo protagonismo tanto na frente quanto atrás das câmeras, embora enfrente desafios como o financiamento e a falta de oportunidades no setor cinematográfico. Piratá Waurá, fotógrafo e ativista, reforça a importância de dominar tecnologias não indígenas para que os povos possam narrar suas próprias histórias, afirmando: “Demarcar a tela é demarcar o território”.
Compreendendo as Terras Indígenas e suas Riquezas
A presença dos povos indígenas nas discussões climáticas é vital, especialmente considerando que as Terras Indígenas (TIs) são responsáveis pela preservação significativa da floresta amazônica. Em contexto, enquanto as TIs perderam apenas 1% de sua cobertura florestal nos últimos trinta anos, áreas privadas enfrentaram perdas de 20%. Txai destaca que “é dentro dos territórios que a floresta ainda está de pé”, enfatizando a importância da demarcação nas conversas sobre proteção ambiental.
Demandas e Expectativas para a Conferência
Na COP30, que ocorrerá em novembro em Belém, devem ser apresentadas diversas propostas, incluindo um plano inédito de combate à crise climática oriundo de pesquisadores indígenas de Roraima. Além disso, a ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sonia Guajajara, anunciou que três mil representantes dos povos originários participarão da conferência, levando suas demandas mais amplas, que vão além da preservação ambiental, como a revisão de legislações que afetam suas terras.
Programação do Festival do Rio 2025
O Festival do Rio, que acontece de 2 a 12 de outubro, possui uma programação especial a respeito da COP30, incluindo exibições de filmes, mesas-redondas e debates acerca da justiça climática e dos direitos dos povos indígenas. As atividades ocorrem em diversos locais da cidade, destacando a importância da arte na promoção de causas sociais e ambientais.