Terrazas de bares na zona de Alonso Martínez, em Madrid, simbolizando a recuperação do mercado de trabalho. Reprodução: El País
O cenário do emprego no Brasil apresenta um dado simbólico: o número de pessoas registradas como desempregadas caiu abaixo de 2,5 milhões pela primeira vez em 17 anos. O Ministério do Trabalho divulgou que 57.835 pessoas saíram do desemprego em maio, totalizando 2.454.883 trabalhadores sem ocupação. Essa diminuição é vista como positiva, mas a criação de novos postos de trabalho no mesmo período apresenta aspectos preocupantes.
Em maio, a afilição à Segurança Social mostrou uma selvagem criação de 196.000 novos cotizantes, levando o total para cerca de 21,78 milhões. No entanto, essa foi a menor adição de cotizantes para um mês de maio desde 2013, levantando questões sobre a sustentabilidade dessa recuperação. Embora o número de novos empregos continue acima de 2% em relação ao ano anterior, a taxa caiu em comparação com os meses anteriores.
As razões para esta ligeira desaceleração no crescimento do emprego incluem a diminuição da rotatividade no trabalho temporário, que reduz as novas contratações. Além disso, muitos estabelecimentos que contrataram pessoal durante a Semana Santa mantiveram seus funcionários, sem gerar novas vagas no mês subsequente. A análise de dados desestacionalizados indicou um crescimento ainda mais modesto, com apenas 20.790 novos afiliados ao sistema.
Apesar dessas dificuldades, o secretário de Estado da Segurança Social, Borja Suárez, contestou a ideia de uma desaceleração significativa, enfatizando que "não há razões para pensar que a criação de empregos está desacelerando". Os setores que mais criaram emprego em maio, como a hosteleria e atividades de lazer, apontam para um verão promissor, com 76.120 novas contratações apenas na hosteleria.
O transporte e a administração pública também mostraram um crescimento significativo, proporcionando algum alívio em meio a preocupações maiores sobre a qualidade dos novos postos de trabalho. Entre os novos contratos, registrou-se uma predominância de contratos temporários, que dobraram em relação aos contratos permanentes, refletindo um mercado de trabalho ainda instável.
A dinâmica de emprego variou consideravelmente entre as regiões do país. Baleares destacou-se com um aumento significativo de 8,7% em sua força de trabalho, enquanto as Ilhas Canarias registraram uma leve perda de empregos. A expectativa é de que, com a aproximação do verão, o mercado de trabalho se aqueça, mas a complexidade das mudanças na criação de empregos exige atenção redobrada das autoridades.