Pinguins-adélie flutuam em gelo derretido no oceano austral, evidenciando os efeitos do aquecimento global. Reprodução: Globo
Os oceanos estão vivenciando um aumento alarmante nas temperaturas, absorvendo mais de 90% do calor gerado pela emissão de gases de efeito estufa. Este aquecimento, que teve uma aceleração significativa desde 1993, está resultando em ondas de calor marinhas mais frequentes e intensas, que estão prejudicando ecossistemas e ameaçando espécies como os corais. Além disso, o aumento da temperatura dos oceanos está elevando o nível do mar e intensificando a severidade de tempestades.
As ondas de calor marinhas, de acordo com o IPCC, aumentaram de frequência e se tornaram mais duradouras e intensas, abrangendo uma área maior. Esse fenômeno é especialmente perigoso para espécies que não conseguem migrar para águas mais frias, como os corais e as ervas marinhas. Estima-se que, se o mundo atingir um aumento de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, entre 70% a 90% dos corais poderão ser perdidos até o final deste século.
Em 2023 e 2024, as temperaturas médias da superfície do mar alcançaram novos recordes, com o Mediterrâneo estabelecendo marcas máximas a cada ano. Thibault Guinaldo, do centro de pesquisa CEMS, enfatiza que regiões como o Atlântico Norte e o Ártico também estão entre as mais afetadas, refletindo a gravidade da situação global. Apesar de uma leve diminuição nas temperaturas no início de 2025, os níveis permanecem historicamente altos.
A elevação do nível do mar dobrou nas últimas três décadas e, caso as tendências se mantenham, pode dobrar novamente até 2100, alcançando cerca de um centímetro por ano. Isso representa um risco significativo para aproximadamente 230 milhões de pessoas que vivem a menos de um metro acima do nível do mar, tornando-as vulneráveis a inundações e tempestades intensas.
Os oceanos não apenas absorvem calor, mas também os impactos da acidificação causada pela absorção de dióxido de carbono. Estima-se que desde a década de 1980, os oceanos tenham absorvido de 20% a 30% de todas as emissões humanas de CO2, levando à corrosão dos corais e dificultando o crescimento de moluscos e crustáceos. A perda de oxigênio no oceano, que é crucial para a vida marinha, resulta de um conjunto de fatores, incluindo a elevação das temperaturas das águas.
Adicionalmente, a cobertura de gelo marinho no Ártico e na Antártida caiu para níveis recordes, com mais de um milhão de milhas quadradas abaixo da média pré-2010. Isso resulta em um ciclo vicioso onde menos gelo permite a entrada de mais energia solar, aumentando ainda mais a temperatura da água e acelerando o derretimento do gelo. Esse fenómeno contribui para a amplificação polar, intensificando o aquecimento global nas regiões polares, conforme explica Guinaldo.
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