Expectativas sombrias para a economia mundial
O Banco Mundial prevê que a economia mundial enfrentará sua pior década de crescimento em mais de cinquenta anos. Este prognóstico surge em um cenário de incertezas, exacerbadas pelas políticas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que devem resultar em um crescimento global de apenas 2,3% para este ano.
As tarifas universais impostas por Trump, incluindo uma taxa de 10% sobre todas as importações e tarifas ainda mais elevadas sobre produtos da China, junto com o aumento dos impostos sobre aço e alumínio, têm provocado desordem no sistema de comércio internacional. Embora o Tribunal de Comércio Internacional dos EUA tenha considerado ilegal a maior parte das tarifas, a Casa Branca conseguiu mantê-las através de um recurso, permitindo que a situação se tornasse mais caótica.
Impacto crescente das tarifas comerciais
A dúvida no comércio global levou o Banco Mundial a reavaliar suas expectativas, adotando uma perspectiva negativa em relação ao crescimento econômico. O relatório destaca que a instabilidade política pode abalar ainda mais a confiança do mercado, criando um ambiente econômico complexo. Segundo a análise, é possível que o comércio mundial sofra uma paralisação no segundo semestre deste ano, o que geraria um colapso na confiança e aumento de incertezas nos mercados financeiros, embora o Banco Mundial não preveja uma recessão global, indicando que as chances são inferiores a 10%.
Freada no crescimento e suas consequências
Os economistas do Banco Mundial, Indermit Gill e Ayhan Kose, expressaram preocupações sobre o atual estado da economia mundial, afirmando que sem uma correção rápida na trajetória econômica, o nível de vida das pessoas poderá ser gravemente afetado. Eles observam que as disputas comerciais atuais podem reverter as conquistas obtidas na redução da pobreza extrema desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
O relatório destaca que a expectativa de crescimento médio global para a década de 2020 será de apenas 2,5%, a mais baixa desde os anos 60. Um crescimento lento pode impactar negativamente a geração de empregos e a redução da desigualdade de renda.
A América Latina sob pressão
A desaceleração no crescimento global é especialmente adversa para a América Latina, que luta para se recuperar de uma década perdida e foi severamente impactada pela pandemia. Benjamin Gedan, diretor do Programa América Latina do Wilson Center, alerta que a guerra comercial pode prejudicar os preços das exportações essenciais para as economias sul-americanas, resultando em sérias consequências econômicas, sociais e políticas.
O relatório do Banco Mundial reforça essa preocupação, destacando que as tarifas de Trump poderiam replicar erros históricos cometidos por nações latino-americanas. Os economistas sugerem que é frustrante ver os EUA adotar políticas industriais que já tinham se mostrado desastrosas.
Projeções econômicas alarmantes
Segundo as previsões do Banco Mundial, a América Latina deverá crescer 2,3% em 2025, com o México enfrentando o pior cenário, com uma expansão de apenas 0,2%. As tarifas de 25% sobre importações que não estão cobertas pelo Tratado de Livre Comércio da América do Norte enfraqueceram as exportações mexicanas, aumentando a incerteza em um país que destina 80% de suas exportações para os EUA.
No cenário mais amplo entre as grandes economias da região, Brasil, Chile e Peru devem experimentar um crescimento mais baixo do que no ano anterior, enquanto Colômbia e Argentina apresentam perspectivas mais otimistas. O Banco Mundial projeta um crescimento do PIB brasileiro de 2,4% em 2025. A entidade avisa que o futuro econômico da América Latina dependerá fortemente do desempenho dos Estados Unidos e da China, que são os principais mercados de produtos da região.