Economistas Apresentam Proposta de Reforma Financeira Global
Convocados pelo Papa Francisco, economistas prestigiados liderados por Joseph Stiglitz e Martín Guzmán propõem um plano inovador para reformar o sistema financeiro global. O objetivo é enfrentar crises de dívida e promover uma economia centrada nas pessoas, conforme descrito no relatório que será lançado em Roma.
Missão da Comissão do Jubileu
Em fevereiro do ano passado, o Papa Francisco reuniu cerca de 30 economistas de renome mundial para formar a Comissão do Jubileu. Este grupo, sob a liderança de Stiglitz e Guzmán, tinha como missão elaborar um Plano de Ação para enfrentar crises de dívida e desenvolver as bases financeiras para uma economia global sustentável e inclusiva.
A Imposição do Ano Jubilar
O relatório, que será oficialmente apresentado nesta sexta-feira em Roma, coincide com o Ano Jubilar de 2025, quando a Igreja Católica ressalta a importância do perdão de dívidas e do enfrentamento da injustiça. O Papa Francisco já clamou pela criação de um mecanismo internacional para a reestruturação das dívidas soberanas.
Resposta à Crise de Desenvolvimento
Guzmán, que participará da reunião dos Brics no Brasil em julho, declarou que a comissão apresenta soluções urgentes para evitar uma década perdida em países em desenvolvimento. A crise de desenvolvimento que aflige mais de 50 países, afirma Guzmán, é resultado de decisões complexas feitas tanto por credores quanto por devedores.
Além disso, ele destaca que o relatório identificou falhas estruturais que tornam o sobreendividamento soberano uma realidade constante na economia global. "Precisamos mudar nossa abordagem se quisermos evitar uma nova década perdida", enfatiza Guzmán.
Recomendações da Comissão
Entre as principais recomendações da comissão estão a necessidade de reformar as políticas dos bancos multilaterais de desenvolvimento, enfatizando que os empréstimos devem ser direcionados para investimentos que promovam o desenvolvimento, e não apenas para quitar dívidas. O relatório sugere que as reestruturações de dívida devem ser abrangentes e oportunas.
Desafios Enfrentados pelos Países em Desenvolvimento
Atualmente, 54 países em desenvolvimento gastam mais de 10% de suas receitas fiscais apenas com o pagamento de juros, recursos que deveriam ser alocados em educação, saúde e infraestrutura. O estudo também ressaltou que os encargos médios com juros quase dobraram na última década. A situação é particularmente alarmante na América Latina, que já sofreu uma perda significativa de desenvolvimento nos anos 1980, um cenário que ameaça se repetir.
Conclusões a Serem Apresentadas em Eventos Internacionais
O relatório será debatido na 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, e suas conclusões também serão apresentadas na Assembleia Geral das Nações Unidas e na cúpula do G20. As recomendações incluem a necessidade de melhorar a reestruturação da dívida e a transparência das políticas financeiras.
Citado no relatório, o Papa Leão XIV expressou sua preocupação com as desigualdades sociais e a exploração dos recursos naturais, afirmando: “Em nosso tempo, ainda vemos muita discórdia e feridas causadas pelo ódio e pela violência.”