Relatório Revelador na Acareação de Torres
Na próxima terça-feira, 24, ocorre a acareação entre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-comandante do Exército, Freire Gomes. A defesa de Torres se baseia em um relatório minucioso que detalha as entradas e saídas de autoridades no Palácio do Planalto e no Palácio da Alvorada, abrangendo o período de outubro a dezembro de 2022. O objetivo é demonstrar que Torres não esteve presente em encontros com o ex-presidente Jair Bolsonaro e os generais militares, contradizendo depoimentos que implicam sua participação em discussões sobre ações para impedir a posse do presidente Lula.
Contradições nos Depoimentos
O relatório, conforme informações obtidas, é considerado a "arma secreta" da defesa. Durante seus depoimentos, Freire Gomes afirmou que Anderson Torres compareceu a “uma ou duas reuniões” onde ofereceu consultas jurídicas a Bolsonaro. Por outro lado, o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, expressou incerteza sobre a participação de Torres. Na acareação, marcada pelo relator Alexandre de Moraes, os advogados de Torres exigirão que Freire Gomes forneça detalhes sobre essas reuniões, incluindo datas e locais.
Mudanças de Versão e Implicações Legais
No mês anterior, Freire Gomes havia declarado lembrar-se de uma ou duas ocasiões em que Torres esteve presente para solucionar questões jurídicas, estimando que ele não influenciou nas discussões. E, embora Baptista Júnior tenha mencionado a participação de Torres em uma reunião inicial, mais tarde ele revogou sua afirmação, indicando incertezas sobre o envolvimento do ex-ministro. Essa incoerência nas declarações levanta dúvidas sobre a credibilidade dos relatos, especialmente a partir de depoimentos anteriores que contestavam a presença de Torres em reuniões antidemocráticas.
Defesa de Torres Recorrendo ao STF
A defesa de Torres enviou uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF), reforçando a argumentação com o relatório que evidencia a impossibilidade de Torres e Freire Gomes terem estado juntos ao mesmo tempo. O advogado Eumar Novacki ressalta que a falta de precisão no testemunho de Freire Gomes contraria princípios básicos de defesa e contraditório. “A vagueza do depoimento salta aos olhos”, afirmou Novacki, defendendo a clara violação de direitos através das inconsistências.
Posicionamento da Defesa de Freire Gomes
A defesa do general Freire Gomes, por sua vez, considera a acareação desnecessária e mantém que todos os depoimentos prestados por ele são verdadeiros e coerentes. O advogado João Marco Gomes de Rezende defendeu a honestidade do general em suas declarações, enfatizando que ele continuará a cumprir seu dever democrática e verdadeiramente. Enquanto isso, a defesa de Torres aguarda o desenrolar dos acontecimentos nesta importante acareação.
Aguardando os Novos Desdobramentos
A acareação entre os dois ex-comandantes promete trazer novos elementos ao caso, que já acumula uma série de depoimentos contraditórios. O desenrolar das investigações e declarações no STF e na CPI do 8 de Janeiro ganhará maior destaque nos próximos dias, enquanto a justiça busca esclarecer a complexa rede de relatos sobre a suposta trama golpista.