A visita do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva à ex-presidente argentina Cristina Kirchner, condenada a seis anos de prisão por corrupção, promete gerar tensão na próxima cúpula do Mercosul, marcada para a capital argentina. A informação foi confirmada pela Justiça argentina, que autorizou o encontro de Lula com Kirchner, atualmente cumprindo prisão domiciliar.
Este será o segundo encontro entre Lula e o presidente da Argentina, Javier Milei, desde que o último assumiu o cargo, em dezembro de 2023. A presença de Lula será um obstáculo ao clima cordial que Milei pretende estabelecer durante a cúpula. Apesar de sua hesitação em relação ao Mercosul, o presidente argentino foi aconselhado a manter Argentina dentro do bloco devido à sua importância comercial.
Fontes oficiais do governo argentino afirmaram que a Casa Rosada adotará uma postura cautelosa para não agravar a situação política durante a cúpula. "Milei não reagirá publicamente à visita, mas a tensão está presente", indicou uma fonte. As críticas à visita já começaram a surgir nas redes sociais a partir de aliados de Milei.
O presidente brasileiro visitará Cristina Kirchner em seu apartamento em Constitución após a cúpula e, em seguida, se encontrará com o presidente da Bolívia, Luis Arce, e com o Prêmio Nobel da Paz argentino Adolfo Pérez Esquivel. Essa movimentação política acende debates sobre o impacto da visita sobre as relações bilaterais entre Brasil e Argentina.
A ala política do governo brasileiro defendeu a visita, considerando a relevância da amizade e apoio a Kirchner após sua condenação. Apesar dos desafios, o diplomático Itamaraty expressou preocupações de que o encontro pudesse trazer complicações para as relações diplomáticas. No entanto, Lula e seu grupo acreditam que a visita será realizada em um "âmbito de segurança".
A Justiça argentina autorizou a visita de Lula, mas impôs regras rígidas a Cristina Kirchner para garantir a tranquilidade da vizinhança e não alterar a convivência pacífica. Este episódio demonstra a complexidade das relações políticas na Argentina e os desafios que Milei enfrenta ao liderar a cúpula do Mercosul, em um ambiente repleto de disputas internas e externas.