A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se defendeu recentemente de ataques durante uma sessão na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, onde deputados bolsonaristas a acusaram de ter sido "adestrada" pela esquerda e de nunca ter trabalhado. Em resposta, ela reconheceu os desafios enfrentados, destacando o machismo presente nas críticas que recebeu.
Em sua defesa, Marina utilizou versículos bíblicos para expressar sua indignação e enfatizar sua dedicação ao legado ambiental. Ela afirmou que prefere sofrer injustiças a cometê-las, citando o apóstolo Paulo: “Fiz uma longa oração e pedi a Deus que me desse calma e tranquilidade. Estou em paz.” Essa declaração, além de refletir sua fé, foi uma tentativa de reforçar sua posição diante das acusações infundadas.
Os ataques de Evair de Melo, deputado do PP-ES, foram particularmente agressivos, insinuando que Marina não compreende o agronegócio devido à sua falta de experiência prática. "A senhora nunca trabalhou, não sabe o que é prosperidade construída pelo trabalho", disse o deputado. Em sua resposta a essas provocações, a ministra enfatizou sua trajetória e suas contribuições ao setor ambiental, rebatendo as alegações com dados positivos sobre a redução do desmatamento no país.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam uma queda de 32% no desmatamento, que Marina apresentou como evidência de seu trabalho no ministério. "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará", reiterou, ao defender a transparência das informações que apresenta. Esta frase, frequentemente utilizada por Jair Bolsonaro, agora ganha um novo contexto no discurso de Marina, ajudando-a a afirmar sua posição em meio a ataques.
Os deputados presentes na comissão, em sua maioria, também se identificam como evangélicos. Durante a sessão, Marina foi alvo de comentários que reforçavam a desigualdade de gênero no espaço político. A ministra interrompeu um deputado que afirmou "calma, ministra" durante sua fala, enfatizando que "isso é machismo". "Quando um homem ergue a voz, ele é incisivo; vocês dizem que estão sendo contundentes", argumentou, destacando a necessidade de mudanças na forma como as vozes femininas são ouvidas na política.
Além disso, Marina foi questionada a respeito de sua posição em relação ao controle de javalis nas propriedades rurais. A ministra explicou que qualquer ação deve ser orientada por evidências científicas, não apenas pela prática de caça indiscriminada. Sua defesa não se limita ao atual governo; ela traz uma perspectiva que referencia a Bíblia, trazendo questões de cuidado e respeito pela vida, afirmando que o tratamento aos animais também é uma questão de ética.
Marina também relembrou situações anteriores de agressões verbais que enfrentou em sessões parlamentares. Há algumas semanas, ela havia deixado uma audiência no Senado após um bate-boca com senadores e embates sobre a pavimentação da rodovia BR-319. Na ocasião, o senador Plínio Valério a desrespeitou ao afirmar que deveria separar a "mulher" da "ministra", mostrando mais uma vez a resistência que mulheres enfrentam em posições de poder na política brasileira.
A posição de Marina Silva no governo continua a gerar debates acalorados, tanto dentro quanto fora do Congresso, refletindo a tensão entre diferentes visões sobre meio ambiente e desenvolvimento econômico. Seu compromisso com a justiça ambiental e seu papel como mulher em situação de liderança trazem à tona discussões cruciais sobre igualdade de gênero e respeito no espaço político.