O mercado de ações apresenta um cenário ideal para investidores na segunda metade deste ano, segundo análise da Goldman Sachs. No entanto, o banco alerta para três riscos que podem comprometer um possível rali nas próximas semanas.
No comunicado enviado aos clientes, os estrategistas da Goldman Sachs afirmaram que os investidores já estão precificando uma situação "Goldilocks", onde o crescimento econômico é equilibrado - nem muito quente, nem muito frio.
Apesar desse otimismo, a instituição financeira destaca que os investidores não devem se sentir à vontade, pois existem riscos significativos que podem quebrar esse ambiente favorável. "Os mercados estão novamente precificando um cenário 'Goldilocks', impulsionados por expectativas mais dovish do Fed e um pano de fundo macroeconômico resiliente", escreveram os estrategistas. "Embora vejamos suporte por conta de alívio fiscal e monetário, esperamo que o mix de crescimento e inflação se agrave no segundo semestre, o que pode aumentar o apetite ao risco e a possibilidade de decepções."
Risco 1: Choque de Crescimento Econômico e Estagflação
Os investidores acredita que o crescimento econômico permanecerá estável, mas a imposição de tarifas pelo presidente Donald Trump pode induzir os EUA a uma desaceleração significativa. Os economistas da Goldman Sachs alertam que os impactos das tarifas podem resultar em um cenário de estagflação, onde o crescimento é lento e a inflação permanece elevada. Essa situação é considerada mais grave do que uma recessão tradicional, pois oferece menos margem para que os formuladores de políticas monetárias reduzam as taxas de juros para estimular a economia.
Embora as expectativas de crescimento global tenham se fortalecido, a análise do banco indica que a possibilidade de surpresas macroeconômicas que afetem os EUA aumentou este ano, com a implementação das políticas tarifárias de Trump. Os investidores estão mais otimistas no que diz respeito ao crescimento, apesar de um prognóstico agravado.
Risco 2: Choque nas Taxas de Juros
As tarifas também são consideradas inflacionárias, o que pode elevar o risco de um choque nas taxas de juros nos EUA. O Federal Reserve, observando como as tarifas influenciam a inflação, pode ser levado a aumentar as taxas, o que pressionaria ativos de risco como as ações. "Se uma desaceleração induzida por tarifas for evitada e a inflação aumentar, há risco de pressão ascendente nas taxas de juros, o que pode impactar ativos de risco", apontou o relatório.
Os investidores esperam que as taxas de juros diminuam até o final do ano, mas as esperanças de cortes mais acentuados foram reduzidas. Atualmente, o mercado está precificando uma chance de 67% de que o Fed venha a reduzir as taxas mais duas a três vezes em 2025, segundo o CME FedWatch.
Risco 3: Queda Adicional do Dólar dos EUA
O dólar americano tem enfrentado uma queda significativa ao longo de 2025. O Índice do Dólar dos EUA, que mede a moeda em relação a uma cesta de moedas estrangeiras, caiu 10% neste ano. Historicamente, um dólar mais fraco incentivou os investidores a aumentar seu apetite por ativos de risco como ações. Contudo, atualmente, um dólar em baixa reflete riscos associados à excepcionalidade econômica dos EUA, devido a efeitos da estagflação provocados por tarifas, assim como preocupações sobre política fiscal e independência do Fed.
A volatilidade do dólar também tem contribuído para a instabilidade nas carteiras de investimentos nos últimos meses, de acordo com a análise da Goldman Sachs sobre portfólios multiativos globalmente. "Os investidores devem gerenciar o risco da contínua desvalorização do dólar, considerando que uma maior proporção do risco de portfólio multiativo é impulsionada por riscos cambiais", concluem os estrategistas.