Pressão Demográfica e Despesas Previdenciárias
O crescimento das despesas previdenciárias no Brasil se tornou um congresso inadiável, especialmente frente à pressão demográfica que se intensifica com o passar dos anos. Um recente estudo do economista Daniel Duque, do Centro de Liderança Pública (CLP), aponta que a falta de uma nova reforma da Previdência pode levar a um aumento de R$ 600 bilhões nos gastos do INSS até 2040, representando quase 50% do atual patamar de R$ 1,15 trilhão.
Sustentabilidade do Sistema Previdenciário
De acordo com o estudo, se nenhuma ação for tomada, o pagamento de aposentadorias e benefícios pode consumir 8,3% do PIB. "Isso é equivalentemente ao orçamento de saúde pública ou até o dobro do que o país investe em infraestrutura", destaca Duque. Embora o envelhecimento da população seja uma evolução positiva, a rapidez com que isso ocorre coloca em risco a sustentabilidade do sistema previdenciário, já que há cada vez menos jovens contribuindo e mais idosos à espera de aposentadorias.
Reformas Necessárias
A reforma de 2019 não foi suficiente para conter a deterioração fiscal, que se agravou, principalmente, devido aos gastos com aposentadorias, incluindo benefícios rurais e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) direcionado a deficientes e idosos de baixa renda. O problema se intensifica porque esses pagamentos estão atrelados ao salário mínimo, que recebe reajustes superiores à inflação, resultando em um aumento desmedido das despesas e pressionando outros setores.
Ações do Governo e Suas Limitações
Atualmente, o governo tem adotado medidas que parecem inadequadas para enfrentar a escalada dos gastos previdenciários. A correção dos reajustes do salário mínimo está limitada a um intervalo entre 0,6% e 2,5% acima da inflação, enquanto que investigações para evitar irregularidades ainda não têm surtido efeito significativo. A realidade está clara: manter o BPC e as aposentadorias vinculados ao salário mínimo é insustentável, sendo que 70% dos beneficiários dependem dessa quantia. Cada real de aumento no mínimo implica um gasto adicional de R$ 400 milhões.
Questões Relacionadas a Saúde e Educação
Outro fator contribuinte para a crise fiscal é a vinculação obrigatória dos pisos de saúde e educação à arrecadação. Com o envelhecimento da população e redução da base de jovens, as despesas totais poderiam ser restringidas sem que o investimento por aluno fosse afetado, segundo Duque. O cenário revela que as regras vigentes para a vinculação de gastos não são adequadas e apenas prolongam a crise fiscal. É imperativo que o governo encare abertamente a explosão dos gastos com aposentadorias e BPC.
Desvinculação e Consequências no Mercado
Possíveis mudanças, como a desvinculação dos reajustes do salário mínimo ou a modificação nas regras de correção, podem ser impopulares, mas são cruciais para estabilidade econômica. A aprovação de quaisquer dessas ações traria uma reação imediata do mercado, impactando positivamente indicadores econômicos antes da próxima eleição. É fundamental que as autoridades brasileiras ajam com celeridade e responsabilidade diante da crise que se avizinha.