O cantor sertanejo João Vitor Malachias foi condenado a 35 anos, 10 meses e 14 dias de prisão em regime fechado pelo assassinato da dentista Bruna Angleri, em Araras, SP. O júri popular ocorreu na quarta-feira (16) e durou mais de 11 horas, culminando em uma decisão unânime dos jurados. O crime, que chocou a comunidade local, aconteceu em setembro de 2023, quando Bruna, de 40 anos, foi brutalmente agredida e teve seu corpo parcialmente carbonizado dentro de sua residência, situada em um condomínio de alto padrão.
João Vitor foi considerado culpado por feminicídio por motivo torpe, meio cruel, e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. Além disso, ele foi condenado por violência doméstica, descumprimento de medida protetiva, furto e destruição de cadáver. O advogado de defesa, Diego Emanuel da Costa, declarou a intenção de recorrer da decisão, contestando a fragilidade das provas e a severidade da pena imposta, que superou a média esperada.
No julgamento, um dos depoimentos mais impactantes foi o da mãe de Bruna, que, visivelmente abalada, afirmou ter notado desde o início do relacionamento que o cantor apresentava uma personalidade agressiva. Ela relatou que, após o término, João Vitor passou a perseguir a filha. Uma ex-namorada do cantor também testemunhou, revelando que havia sido agredida por ele e possuía uma medida protetiva em vigor. Ela confirmou que Bruna havia a contatado em busca de informações sobre como se proteger do cantor.
O crime ocorreu no dia 27 de setembro de 2023, quando Bruna foi encontrada morta em sua casa, após sua mãe desconfiar da falta de notícias. A Polícia Militar foi acionada e encontrou o corpo da dentista sobre a cama do quarto.
Após os eventos, João Vitor, que teve um relacionamento curto com Bruna, rapidamente se tornou o principal suspeito. Durante o depoimento à Polícia Civil, ele negou qualquer envolvimento no crime e se recusou a realizar exames forenses alegando seu direito de não produzir provas contra si mesmo. Dez dias após o crime, a Justiça expediu um mandado de prisão, e ele foi detido em um posto de combustível enquanto tentava fugir para Goiás, após percorrer 23 km dentro de canaviais da região de Ribeirão Preto.
A dentista Bruna Angleri, que também possuía formação em psicologia, deixou um filho de 7 anos. A condenação de João Vitor levantou discussões sobre a violência de gênero e a necessidade de medidas mais eficazes para proteger as vítimas em casos de violência doméstica.