Polícia Federal Investiga General por Plano Golpista
A Polícia Federal investiga o general da reserva Mário Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência de Jair Bolsonaro, por seu suposto envolvimento em um plano golpista que previa o assassinato de líderes políticos, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Documentos e mensagens revelam uma série de impressões no Palácio do Planalto que indicam a adesão do ex-militar ao complô.
Minimização da Atuação na Trama
Apesar de admitir ser o autor do plano, Fernandes minimizou seu conteúdo em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), alegando tratar-se de uma "análise pessoal". Ele afirmou que o documento reflete "pensamento digitalizado" e que não teve intenção de compartilhá-lo com ninguém. "Imprimi por um hábito pessoal e logo rasguei", declarou, tentando desviar a interpretação de que o plano tivesse um objetivo prático.
Elementos e Conexões com a Crise Política
Além do plano conhecido como "Punhal Verde Amarelo", que detalhava estratégias para o assassinato de figuras públicas, a investigação também revelou a impressão de um Gabinete de Crise, que deveria ser criado em caso de golpe. Seis cópias dessa minuta foram impressas em 16 de dezembro de 2022, possivelmente para distribuição a terceiros durante reuniões. O acompanhamento dos documentos indicou que Fernandes se dirigiu ao Palácio do Alvorada logo após a impressão, onde o então presidente Bolsonaro estava recluso.
Comunicações Suspeitas com Outros Militares
A análise de documentos apreendidos na residência de Fernandes revelou textos direcionados ao comandante do Exército, general Freire Gomes, incitando-o a aderir ao plano golpista. Em um dos trechos, ele faz referência a um "evento disparador" e à tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. Mensagens enviadas a militares próximos evidenciam a intenção de concretizar ações visando o uso da força.
Reunião Ministerial e Táticas Estratégicas
As conversas em reuniões ministeriais também despertaram o interesse da PF, especialmente uma em junho de 2022, onde Fernandes defendeu a necessidade de um prazo para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizasse o acompanhamento das eleições. Ele propôs alternativas para agir antes das eleições e mencionou a possibilidade de um "governo de junta militar" caso medidas não fossem tomadas em tempo.
A relação entre os documentos, as mensagens de texto e as declarações de Fernandes formam um quadro preocupante de planejamento de ações que visavam desestabilizar o governo e instaurar um regime autoritário. As revelações sobre a atuação do general Mário Fernandes e suas conexões com figuras do governo de Bolsonaro oferecem uma visão alarmante sobre a dinâmica política no Brasil.