Em Belo Horizonte, a Loja do Preso se destaca ao atender as famílias de detentos com kits que incluem roupas, alimentos não perecíveis e produtos de higiene. A iniciativa de Péricles Ribeiro, um ex-detento, garante sustento à sua família e atende a uma demanda específica do mercado carcerário em Minas Gerais. Desde a sua fundação há sete anos, a loja envia encomendas para as 167 unidades prisionais do estado, facilitando a vida dos familiares que enfrentam a dificuldade de visitar seus entes queridos.
Os produtos são cuidadosamente selecionados para atender as exigências de cada penitenciária. Isso inclui desde a cor das roupas permitidas para visitas, que variam conforme a unidade, até o tipo de papel higiênico – alguns presídios, por exemplo, não aceitam o modelo com rolo. "Tem presídio que não permite papel higiênico com rolo, tem outro que permite mandar a embalagem completa", explica Michelle Kellen, sócia de Péricles. Ela menciona ainda a importância de lingerie apropriada para visitas íntimas.
A localização da loja, perto do Fórum Lafayette e da Defensoria Pública, é estratégica. Essa proximidade com instituições que lidam com processos de detentos proporciona um acesso facilitado para as famílias em momentos de necessidade. Péricles ressalta que a intenção da loja é ajudar tanto os recuperandos quanto seus familiares, garantindo que os itens sejam enviados da forma correta e na quantidade exigida pelas regras do presídio.
Cármen, mãe de um detento, compartilhou suas dificuldades ao visitar seu filho no presídio. Aos 75 anos, com problemas de mobilidade, ela opta por usar a loja para enviar kits. "Poder enviar as coisas para ele sem precisar ir é a melhor coisa que pode existir na vida de quem tem um familiar preso", afirmou. Essa acessibilidade é um dos pontos positivos destacados por muitos clientes da Loja do Preso.
Embora a maioria dos clientes prefira fazer as compras por telefone, Michelle observa que o atendimento presencial serve como um acolhimento valioso para famílias envergonhadas. "Quando o crime tem muita repercussão na imprensa, é comum que a família se sinta constrangida para visitar. Na loja, eles acabam encontrando também acolhimento, desabafam sobre a situação que vivem", conta.
O futuro da loja também está em expansão. Péricles e Michelle pretendem transformar o negócio em uma franquia, levando o conceito de "Dignidade não tem grade" para outros estados. Com isso, além de proporcionar dignidade para os detentos, a loja abre novas oportunidades para famílias que enfrentam os desafios da realidade carcerária.