O Brasil anunciou sua retirada da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, gerando preocupações sobre a preservação da memória histórica e os direitos humanos no país. A decisão, tomada em 11 de agosto de 2025, foi justificada pelo governo com base em um parecer da Consultoria Jurídica do Ministério das Relações Exteriores e recomendações de relatorias especiais de Direitos Humanos da ONU. Contudo, essa justificativa é considerada infundada, uma vez que não há registros de tal recomendação que indique a saída do Brasil ou de qualquer outro país da IHRA.
Desde 2009, o Brasil atuava como observador da IHRA, uma organização internacional formada por 35 países, cujo objetivo é educar sobre os crimes do nazismo e combater o antissemitismo. A medida reflete um retrocesso significativo nas garantias dos direitos humanos e na preservação da memória do Holocausto. A decisão do governo, que confunde a definição prática de antissemitismo com a adesão à organização, prejudica a reputação internacional do Brasil.
A IHRA não serve como um espaço para disputas ideológicas ou políticas, mas sim como uma aliança unida por um propósito comum: recordar os horrores da Shoá e servir como advertência moral para o futuro. A retirada do Brasil enfraquece esse compromisso histórico que foi solidificado pelas nações democráticas após a Segunda Guerra Mundial.
Historicamente, o Brasil teve um papel exemplar em acolher sobreviventes do nazismo e na promoção da comunidade judaica, que é uma das maiores das Américas. Este afastamento da Aliança não apenas contradiz essa tradição, como também representa um desvio dos valores de tolerância e pluralismo que o Brasil sempre defendeu no cenário internacional.
A memória do Holocausto transcende governos e ideologias, sendo um patrimônio da Humanidade. Instrumentalizá-la para fins políticos ou negá-la por conveniência é, na verdade, uma traição a sua essência. Há ainda a possibilidade de reverter essa decisão, e a responsabilidade de lembrar a história é crucial, pois a História não perdoa aqueles que escolhem o esquecimento.
Dani Dayan, presidente da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto e do Yad Vashem, ressalta que essa decisão do Brasil deve ser considerada com seriedade.