A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou a sua previsão de crescimento para a indústria brasileira, ajustando de 2% para 1,7% para o ano de 2025. Essa alteração se deve aos efeitos persistentes dos juros altos e ao impacto das novas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras.
As tarifas americanas, que podem chegar a 50% sobre alguns produtos brasileiros, têm o potencial de reduzir o superávit comercial em 14%, representando uma perda significativa de aproximadamente US$ 5 bilhões nas exportações. Apesar desse retrocesso no setor industrial, as perspectivas para o PIB brasileiro permanecem ligeiramente otimistas, com uma expectativa de crescimento de 2,3% impulsionada especialmente pela agropecuária e um mercado de trabalho aquecido.
O Informe Conjuntural divulgado esta semana pela CNI destacou que, embora a projeção da indústria tenha sofrido um corte, a agropecuária teve sua previsão de crescimento aumentada de 5,5% para 7,9%. Nesse cenário, o crescimento da indústria de transformação é projetado para ser modesto, estimado em apenas 1,5%, comparado a 3,8% do ano anterior.
O diretor de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, enfatizou as consequências adversas das tarifas americanas, afirmando que grande parte da redução nas exportações se deve a estas taxas elevadas. "É essencial que essas tarifas adicionais sejam diminuídas", alertou ele, destacando que as medidas equivalentes do governo brasileiro são insuficientes para compensar a perda de acesso ao mercado americano por diversas empresas e setores.
Ainda em resposta a esses desafios, o governo brasileiro enviou uma declaração ao Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), solicitando a reavaliação da investigação sobre supostas práticas comerciais desleais. A decisão do USTR poderá resultar em restrições adicionais, levando o Brasil a afirmar que não há fundamento para a imposição de sanções comerciais e que as políticas brasileiras não são discriminatórias.
Além do governo, cerca de 80 manifestações foram registradas no USTR de associações e empresas e, entre as quais se incluem a CNI e a Embraer, que solicitaram participação na audiência marcada para o dia 3 de setembro. As vozes coletivas do setor privado refletem a preocupação com as significativas repercussões que as tarifas e a investigação podem acarretar para as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos.