Panorama mineiro e o esforço de Lula
Lula volta a Minas Gerais pela oitava vez neste ano com o objetivo de lançar o novo formato de um antigo programa de gás de cozinha subsidiado, o Gás do Povo. O evento está programado para Belo Horizonte, no Aglomerado da Serra, e representa a continuidade da estratégia do PT de ampliar a presença em áreas urbanas de baixa renda, buscando impactar famílias que dependem de benefícios nesse tipo de política social.
O anúncio do Gás do Povo é apresentado como parte do plano eleitoral do Partido dos Trabalhadores para a disputa presidencial do próximo ano. O governo afirma que o programa será voltado exclusivamente para famílias de baixa renda, estimadas em cerca de 15 milhões no país, com 1,2 milhão desses beneficiários em Minas Gerais. O custo do programa é de aproximadamente R$ 5,6 bilhões por ano, com expectativa de aumento de 7% no consumo de gás em botijão, em um mercado compartilhado por 20 distribuidoras e 60 mil revendas em todos os municípios.
O Gás do Povo surge no cenário como uma aposta de Lula para ampliar o alcance de políticas sociais junto a eleitores de baixa renda, mantendo o esforço de consolidar apoios no estado para a eventual candidatura ao governo mineiro. A iniciativa também reforça o foco atual de sua campanha, que busca manter o impulso eleitoral em Minas, onde pretende assegurar alianças com partidos satélites do PT.
Minas Gerais concentra uma parcela relevante do eleitorado brasileiro, ocupando a posição de segundo estado em número de eleitores, com crescimento significativo ao longo dos últimos anos. O estado é um polo estratégico para as campanhas nacionais, devido ao seu peso demográfico e à influência de suas利 políticas locais sobre o tom das disputas. Esses elementos ajudam a explicar a importância de as visitas de Lula à região serem frequentes e de alto perfil.
Um enigma eleitoral persiste para o ex-presidente em Minas: a drástica redução da vantagem frente a Bolsonaro entre o primeiro e o segundo turno de 2022. O quadro aponta que Lula terminou o 1º turno com 563 votos a mais que o adversário, volume pequeno diante dos 6,1 milhões de votos no segundo turno, que representam 50,2% do total. A vantagem de Lula em relação a Bolsonaro encolheu para exatos 49.650 votos, equivalentes a 0,4% do total, revelando uma hecatombe de votos entre as duas fases da eleição.
Somando as duas votações, houve uma queda expressiva no desempenho de Lula em Minas: houve uma redução de 558,3 mil votos entre o primeiro e o segundo turno. Esse fluxo de votos corresponde a uma média de aproximadamente 20 mil votos por dia, 830 por hora ou 14 por minuto, ilustrando a dimensão da hemorragia de apoio observada no estado durante o intervalo entre os turnos.
Mesmo com esse cenário, Minas foi o único estado da região Sudeste em que Lula superou Bolsonaro naquela eleição. Quase três anos depois, ele ainda tenta entender o que aconteceu e, mais importante, onde foi que errou. Enquanto busca compreender as causas, Lula mantém a estratégia de intensificar a presença no estado, associando-se a propostas de políticas sociais como o Gás do Povo e tentando consolidar alianças para o futuro político no interior mineiro.