Resumo Executivo: YouTube domina a narrativa bolsonarista no STF
Entre 26 de agosto e 1 de setembro, o Democracia em Xeque monitorou as publicações sobre o julgamento do STF por golpe de Estado e constatou que o YouTube é a plataforma de maior atuação da militância bolsonarista. Aproximadamente 25,8% das publicações naquele período tratavam do tema, mais que o dobro da frequência observada no X (12,6%) e muito acima de TikTok (8,5%), Facebook (6,5%) e Instagram (5,9%).
O relatório indica que, além de concentrar as discussões sobre o julgamento, o YouTube é o campo digital de maior sucesso para o bolsonarismo. No total, usuários alinhados ao campo conservador acumularam mais de 48 milhões de interações (visualizações, curtidas, comentários e compartilhamentos) na plataforma, correspondendo a cerca de 60% do engajamento total da direita em todas as redes analisadas. Em contrapartida, internautas progressistas somaram cerca de 20 milhões de interações sobre o processo no STF, e o YouTube foi responsável por 53% desses registros.
Mobilização para 7 de setembro: YouTube no centro das convocações
Para ações de mobilização, o YouTube também aparece como principal bastião: nada menos que 90% das publicações de mobilização para atos de 7 de setembro partiram do campo conservador, enquanto apenas 8% vieram da ala progressista.
No Facebook, as convocações da esquerda (53%) superaram as da direita (43%), ao passo que o TikTok apareceu como rede com conteúdo sem alinhamento político claro (perfis de imprensa e instituições sem bandeira clara).
Panorama de atividade e alcance
Em uma visão mais ampla da atividade online, a semana anterior ao julgamento registrou mais de 3 mil publicações sobre o tema nas redes YouTube, Facebook, Instagram, X (ex-Twitter) e TikTok, enquanto as convocações para os atos de 7 de setembro somaram 334 mil publicações no mesmo intervalo.
Hashtags em evidência
- Conservador: #FreeBolsonaro, #AnistiaJ e #ReajaBrasil
- Progressista: #SemAnistia, #SemAnistiaPraGolpistas e #7SdoPovo
Metodologia e fontes
O monitoramento foi conduzido pelo Democracia em Xeque, acompanhando a lista dos principais influenciadores políticos entre 26 de agosto e 1 de setembro. O site controlado pelo Google serviu como principal referência para medir o volume de publicações e o alcance das mobilizações, com dados de visualizações, curtidas, comentários e compartilhamentos.
Implicações e contexto estratégico
Os resultados evidenciam como plataformas distintas estruturam a retórica política no Brasil, com o YouTube atuando como elo entre o conteúdo de defesa política e a mobilização de apoiadores. A dominância do YouTube reforça a importância de considerar o ecossistema de plataformas na análise de informação e de engajamento político no país.
Perspectivas futuras
As tendências indicam que o YouTube pode continuar como principal canal de disseminação de mensagens políticas, moldando estratégias de comunicação, campanhas e cobertura de eventos, com implicações para futuras mobilizações e para o debate público sobre o STF e o episódio do golpe de Estado.