Lide: Um soldado brasileiro natural de Cáceres, Mato Grosso, morreu em combate durante um bombardeio na guerra entre Ucrânia e Rússia, ocorrido em Donetsk, onde atuava como voluntário ao lado das forças ucranianas. A confirmação foi feita no sábado, 13, pelos integrantes da unidade ucraniana com a qual lutava.
Perfil do Soldado e Circunstâncias da Morte
Jackson Aurélio Lourenço do Rosário, natural de Cáceres (MT), era conhecido como Pantaneiro e foi descrito por colegas como alguém que enfrentava riscos elevados em sua atuação na linha de frente. Segundo relatos, ele estava desaparecido havia dois meses e teve a morte confirmada nesse sábado pelos membros da unidade ucraniana com a qual combatia. Ele atuava na guerra como voluntário em prol da Ucrânia, tendo passado do Exército Brasileiro de Cáceres para a participação voluntária no conflito.
Ao g1, o soldado e colega de batalhão da vítima, Arisson Benevides, contou que Jackson estava há pouco tempo no país e que, após passar por uma série de treinamentos, foi alocado em uma missão de extremo risco. “Nos primeiros dias o Pantaneiro estava mandando mensagem normal, porque lá pega sinal. E depois de alguns dias a gente perdeu o contato com ele. Só ficávamos sabendo por intermédio dos ucranianos sobre ele”, disse. Arisson relatou ainda que, mesmo sem uma confirmação imediata, temia o pior, acompanhando, por mapas em tempo real, a movimentação das tropas russas e o avanço em direção à área onde Jackson estava alocado. “Estava com medo de ele morrer porque vi no mapa que os russos tinham avançado mais de quatro quilômetros de onde estava a trincheira. Ali já era impossível ele estar vivo”, explicou.
Segundo Arisson Benevides, com base nos registros de movimentação das tropas russas na região, a área onde Jackson atuava foi intensamente bombardeada e evacuada, o que dificultou qualquer tentativa de resgate. Ele também destacou que a região de Donetsk, onde atuavam, foi praticamente perdida pelos ucranianos diante da ofensiva russa.
A guerra na Ucrânia começou no dia 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu o território ucraniano. O conflito iniciou com bombardeios constantes e rápido avanço de tropas russas, passou por um período de estagnação, uma contraofensiva ucraniana e ataques a infraestrutura energética. De acordo com estimativas internacionais, centenas de milhares de pessoas já morreram desde o início da invasão em 2022, incluindo civis, militares e voluntários estrangeiros. Além disso, milhões de ucranianos foram forçados a deixar as próprias casas, gerando uma das maiores crises humanitárias da década na Europa. A guerra também agravou a instabilidade global, afetando mercados, cadeias de suprimentos e a segurança energética de vários países. Diante do prolongamento do conflito, combatentes estrangeiros se alistaram para lutar ao lado das forças ucranianas, incluindo brasileiros que atuam em batalhões formados por voluntários internacionais. Muitos desses soldados não possuem vínculo oficial com exércitos nacionais, o que torna o acompanhamento de suas mortes ou desaparecimentos mais difícil. Ainda assim, casos como o do mato-grossense conhecido como “Pantaneiro”, que morreu em combate, têm se tornado cada vez mais frequentes e trazem à tona os riscos enfrentados por estrangeiros na linha de frente.
Além da confirmação da morte, o Itamaraty informou ao g1 que acompanha o caso, reforçando a posição de que o Brasil observa com preocupação a participação de cidadãos brasileiros em conflitos internacionais e avaliaria as implicações legais e diplomáticas associadas a essa atuação voluntária.
Em termos de consequências humanas, o conflito já provocou uma das maiores crises humanitárias da região: centenas de milhares de mortos, milhões de deslocados e devastação generalizada, com repercussões globais. As informações destacam, ainda, a vulnerabilidade de civis e combatentes estrangeiros que se envolvem em guerras de alta intensidade, evidenciando os riscos a que estão expostos na linha de frente. Casos como o de Pantaneiro chamam a atenção para a necessidade de debates sobre responsabilidade, proteção de civis e cooperação internacional em cenários de guerra prolongada.
O relato de Arisson Benevides e as informações oficiais ressaltam que, mesmo em meio a um conflito de grande escala, as histórias de soldados como Jackson trazem à tona questões humanas, legais e diplomáticas relevantes para o Brasil e para a comunidade internacional. A região de Donetsk, palco de embates contínuos, permanece sob forte pressão militar, com consequências graves para quem atua nas linhas de frente.